
Taxa Selic sobe para 15% e sabotagem ao país continua… “e por período bastante prolongado”, diz nota do Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa básica da economia (Selic) em mais 0,25 ponto percentual, nesta quarta-feira (18). Com esse acréscimo, a Selic sobe de 14,75% para 15% ao ano (maior nível desde 2006). Foi a sétima alta consecutiva, quando o BC impôs um novo ciclo de aumento dos juros. A decisão do Copom surpreendeu até o chamado “mercado”, que apostava na manutenção da taxa no atual patamar.
Com mais esse aumento, os juros reais se aproximam de 10% e estão entre os mais altos do planeta. De acordo com o ranking mundial de juros reais, elaborado pelo site Moneyou, com a Selic a 15% a taxa de juros real no Brasil atinge 9,53%, atrás apenas da Turquia (14,44%). Entre 40 países analisados, a média global de juros reais é de 1,67%. Entre os países, apenas 2,50% elevaram as taxas, enquanto 47,50% cortaram e 50% mantiveram o patamar.
A taxa de juros real nada mais é do que o ganho líquido obtido pelos bancos em aplicações financeiras, após descontada a inflação. Para economia real, os juros reais em patamares em níveis escorchantes reduzem os investimentos públicos e privados, a demanda por bens e serviços e aumenta o desemprego.
Sob o comando de Gabriel Galípolo, o Copom avalia haver “resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, que justificam os juros nesse patamar para frear a economia. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas (leia-se tranquilizar os bancos), exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz a nota do BC.
Galípolo segue chantageando o governo para cortar investimentos e verbas de serviços públicos, como fica claro no comunicado. “O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”. Ou seja, o BC está se metendo na política fiscal do país, o que não faz parte de suas atribuições.
DESACELERAÇÃO
No primeiro trimestre deste ano, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 1,4%, em relação ao quarto trimestre de 2024 (alta de 0,1%), foi puxado pelo setor agropecuário, que cresceu 12,2%. Já a indústria recuou 0,1% e os serviços patinou, com alta de 0,3% no período.
Dados do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC indicam que o PIB registrou alta de apenas 0,2% em abril deste ano, o que é uma desaceleração tanto na comparação com março (alta de 0,7%) quanto em relação a abril de 2024 (2,4%). O indicador também mostra o recuo de 1,1% na indústria na passagem de março para abril.
No quarto mês de 2024, a produção industrial brasileira ficou praticamente estagnada, com crescimento de apenas 0,1% ante março, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com abril de 2024, houve queda de 0,3%.
Considerando apenas a indústria de transformação, que representa mais de 80% do setor, o recuo foi de 0,5% frente a março e de 2,0% em relação ao mesmo período do ano passado.
Uma sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que, em abril de 2024, o número de trabalhadores no setor industrial caiu 0,4% em relação a março, interrompendo uma sequência de 17 meses de resultados positivos
No comércio, as vendas recuaram 0,4% em abril ante março. Já no comércio ampliado – que inclui veículos, motos, material de construção e atacado de alimentos e bebidas –, a queda foi de 1,9%. O volume de serviços, por sua vez, praticamente ficou paralisado em abril, com uma alta de apenas 0,2% ante março.