
Principal parque industrial do país, São Paulo se destaca como principal influência negativa no resultado nacional. Dos 15 locais pesquisados, oito registraram quedas, segundo IBGE
A atividade industrial de São Paulo, o maior parque industrial do país, recuou 0,6% em junho em relação a maio, livre de influências sazonais. O estado foi a principal influência negativa, no cômputo da atividade industrial no país, que nesse mês obteve uma variação de apenas 0,1%, após recuar -0.6% em abril e no mês de maio. A produção paulista acumulou uma perda de 3,4% em três meses seguidos de taxas negativas, conforme Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada na sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
“Os setores extrativo, de veículos automotores e de derivados do petróleo contribuíram para esse comportamento negativo da indústria do estado, que se encontra 22,9% abaixo do seu patamar mais alto, alcançado em março de 2011”, disse Bernardo Almeida, técnico do IBGE, ao divulgar a pesquisa. A indústria de São Paulo operou em junho em patamar 1,6% abaixo do registrado no período pré-pandemia, em fevereiro de 2020.
A indústria paulista também apresentou resultados negativos na comparação contra mesmo mês de 2024 (-1,3%) e no acumulado do ano (–8,5%), frente ao mesmo período do ano passado. Os setores de derivados do petróleo, de alimentos e farmacêutico foram os principais impactos negativos na produção industrial local.
JUROS ELEVADOS
Na avaliação do IBGE, a produção segue desacelerando desde o segundo semestre do ano passado, justamente quando o Banco Central deu início a um novo ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic), inibindo os investimentos e o consumo.
“A alternância entre queda em um mês e crescimento em outro, que muitos locais vêm apresentando, evidencia uma menor intensidade no ritmo da produção industrial. O setor industrial nacional vem arrefecendo desde o segundo semestre de 2024”, observou Almeida. “Isso nos mostra uma ligação significativa com a política monetária mais contracionista ou restritiva por meio de aumentos na taxa de juros, refletindo seus efeitos no desempenho econômico e, consequentemente, no comportamento da produção industrial tanto regional quanto nacional”.
No mesmo sentido o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) destaca que “a indústria brasileira, depois de importante reação em 2024, vem perdendo fôlego, sob o peso da alta dos juros”.
“Desde o terceiro trimestre do ano passado que o setor praticamente não saiu do lugar, justamente o período em que a taxa básica de juros, a Selic, voltou a subir, saindo de 10,5% a.a. para 15% a.a. agora em meados de 2025”, alerta o Iedi.
RECUO EM 8 DE 15 LOCAIS PESQUISADOS
A nível nacional a indústria no mês de junho deste ano obteve uma variação positiva de 0,1% na série com ajuste sazonal, acompanhada por sete dos 15 locais pesquisados. Os avanços mais importantes foram em Pernambuco (5,1%), Região Nordeste (2,8%), Minas Gerais (2,8%) e Bahia (2,1%), enquanto Amazonas (1,5%), Paraná (1,4%) e Rio de Janeiro (0,4%) também registraram taxas positivas.
Pelo lado das regiões que tiveram variação negativa o Espírito Santo registrou a queda mais elevada(-5,8%), o que eliminou parte do crescimento de 16,5% verificado em maio. Além de ter sido a maior queda em termos absolutos, foi a segunda maior influência negativa no índice. Os demais recuos foram em Mato Grosso (-2,2%), Pará (-1,9%), Goiás (-1,7%), Ceará (-0,9%), Santa Catarina (-0,8%), São Paulo (-0,6%) e Rio Grande do Sul (-0,1%).