O jornal Estadão dá destaque nesta segunda-feira (9) em seu site: “O Podemos expulsou o deputado Marco Feliciano do partido. A decisão foi tomada pelo comando da legenda em São Paulo por oito votos unânimes… A denúncia que originou a expulsão cita uma série de acusações ao deputado. Entre elas, estão os gastos de R$ 157 mil referentes a tratamento odontológico reembolsados pela Câmara, apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro, acusações de assédio sexual no gabinete, recebimento de propina, pagamento a supostos funcionários fantasmas e até comentários sobre o cantor Caetano Veloso”.
Ainda segundo o jornalão, “o partido decidiu expulsar Marco Feliciano por ‘incompatibilidade programática e comportamento incondizente com as diretrizes’. A saída forçada ocorre dentro da estratégia do Podemos de se afastar do ‘bolsonarismo’ e se firmar como a sigla da Lava Jato. O partido tem atraído parlamentares da centro-direita descontentes com o governo e, só no Senado, passou de cinco para dez parlamentares nos últimos meses – a segunda maior bancada. Dirigentes do Podemos querem desvincular a imagem do partido à de Feliciano. Alguns deputados e senadores, citam as fontes nos bastidores, condicionam a negociação de migração para a legenda à saída do deputado dos quadros do Podemos”.
Por seu oportunismo e total falta de caráter, Marco Feliciano colecionou vários inimigos nos últimos tempos – não só entre os parlamentares que desejam se afastar do clã bolsonarista e ingressar no Podemos. Muitos devem estar festejando a sua expulsão. Entre eles, com certeza estará o vice-presidente Hamilton Mourão, o general humilhado pelo “pastor” bolsonarista. Em abril passado, Marco Feliciano chegou a protocolar pedido de impeachment contra o milico-capacho. A iniciativa diabólica foi divulgada pela revista Época:
“O deputado Marco Feliciano protocola pedido de impeachment de Hamilton Mourão. Feliciano, que é vice-líder do governo no Congresso, acusou o vice de manter ‘conduta indecorosa, desonrosa e indigna’. Trata-se de mais um lance na disputa dos evangélicos olavistas – dos quais Feliciano é o primeiro-tenente – contra os generais do governo Bolsonaro… Feliciano disse que redigiu o impeachment de Mourão pelo celular, em voo da Cidade do Panamá a Brasília. Voltava de viagem aos Estados Unidos, onde se encontrou com… Olavo de Carvalho… ‘O senhor não era ninguém. Mantenha-se na sua insignificância, disparou contra o vice”.
Na época, os ataques do “pastor” bolsonarista humilharam e silenciaram o vice. Famoso bravateiro, o general sumiu do noticiário. Agora, porém, ele deve estar comemorando, da caserna, a expulsão de Marco Feliciano da legenda oportunista. O “neoqueridinho” do Palácio do Planalto, como revelou a mesma revista Época em longa reportagem em outubro, não está com essa bola toda. A vida dá voltas!
Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Debates da Mídia Alternativa Barão de Itararé