Um bebê de apenas sete meses morreu de complicações do sarampo na última quinta-feira (5), em Manaus. A região Norte do país está em alerta para o risco de uma epidemia com mais de 2 mil casos em investigação.
O sarampo foi considerado uma doença erradicada no Brasil desde 2016, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou que o país estava há um ano sem o registro de casos do vírus. Porém, isto mudou este ano, quando boletins recentes mostram que uma epidemia da doença está em curso, altamente contagiosa e que pode levar a mais mortes de crianças. A volta de doenças da Poliomielite, difteria e rubéola também preocupam os especialistas.
Doenças como o sarampo e a poliomielite já estavam sob controle no Brasil há anos, mas, com o avanço dos cortes na área da saúde e a política de arrocho dos governos Dilma e Temer, elas estão retornando ao dia-a-dia dos brasileiros. Agora, o governo tenta responsabilizar a população pela falta de vacinação.
O Brasil possuiu uma das melhores coberturas vacinais do mundo. Entretanto, as campanhas de vacinação praticamente deixaram de existir, o acompanhamento das carteiras de vacina das crianças nas escolas é nulo e, principalmente, as consultas nas Unidades Básicas de Saúde não são mais frequentes.
Segundo o Semsa (Secretaria Municipal de Saúde de Manaus), essa foi a primeira morte causada pela doença em 18 anos na capital amazonense. A Prefeitura de Manaus decretou situação de emergência para conter o avanço do vírus.
Outros 270 casos de sarampo foram confirmados apenas em Manaus e com a comprovação de surto em todo o estado pelo Ministério da Saúde, a Semsa informou que a procura pelas vacinas aumentou. De acordo com o órgão, desde o início de março deste ano, já houve 2.231 notificações de suspeita de infecção da doença causada pelo vírus Morbilivirus.
“Esse crescimento o número de casos suspeitos aumenta a possibilidade de disseminação para outros estados do país e coloca em risco os compromissos para manutenção de certificação da eliminação da circulação do vírus do sarampo as Regiões das Américas”, informou a secretaria por meio de nota.
No dia 9, a Secretaria de Saúde de Rondônia confirmou o primeiro caso de sarampo no estado. Um outro caso já testou positivo para a doença, mas aguarda resultado de contraprova, a ser enviado pela Fundação Oswaldo Cruz, para ser oficialmente contabilizado. Rondônia não tinha registros de sarampo desde 1999.
RIO DE JANEIRO
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro confirmou dois casos de sarampo no estado. As amostras foram analisadas pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Outros oito casos estão sendo acompanhados de perto pela Secretaria Municipal de Saúde.
Um dos casos confirmados é o da estudante Ingrid, de 21 anos, diagnosticada após a secretaria começar a investigar quatro casos suspeitos na última semana. Em entrevista, a estudante afirmou que teve um diagnóstico equivocado no hospital.
“Disseram que era zika ou chikungunya”, disse a estudante. “Eu estava bem manchada, com febre acima de 39 graus. Cheguei a ter conjuntivite, muita tosse, dor no corpo, principalmente pernas, muita dor no olho e as manchas cocavam bastante. Eles davam dipirona, a febre cedia e me mandavam pra casa. Em duas horas, voltava o ‘febrão’”, explicou Ingrid.