O ex-ministro Antônio Palocci revelou que a Ambev fez “pagamentos indevidos” para Lula, Dilma e a ele próprio com a finalidade de impedir o aumento dos impostos sobre bebidas alcoólicas.
Em despacho sigiloso, que o jornal Estado de S. Paulo teve acesso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, menciona a colaboração premiada de Palocci, que pela primeira vez coloca a Ambev entre as empresas que pagaram propina para o PT ou membros dele.
O despacho não cita o valor total ou a data em que aconteceram os pagamentos por parte da Ambev. As informações sobre a delação continuam sob sigilo. A Operação Lava Jato de São Paulo está fazendo investigações baseadas nas informações passadas pelo ex-ministro de Lula e Dilma.
“Numa avaliação inicial, o Ministério Público Federal (MPF) entende que todos os casos incluem lavagem de dinheiro”, afirmou a força-tarefa da Lava Jato.
Essa colaboração premiada de Palocci foi feita em acordo com a Polícia Federal e foi homologada em outubro de 2018.
De acordo com Fachin, o depoimento de Palocci “elabora descritivo geral da organização criminosa integrada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com objetivo de obter vantagens indevidas de grupos empresariais em contrapartida à prática de atos de ofício em prol dos interesses das empresas”.
O despacho cita também o pagamento via caixa 2 feito por empreiteiras para as campanhas de Lula e Dilma e o pagamento de bancos para obter vantagens.
Palocci é dono de uma empresa de consultoria, a Projeto Consultoria Empresarial e Financeira Ltda, que foi contratada por três anos pela Ambev, o que lhe rendeu R$ 1,2 milhão.
No dia 12 de junho de 2011, uma quinta-feira, Lula deu uma palestra a portas fechadas para executivos da cervejaria AmBev no luxuoso resort Costa do Sauípe, no litoral da Bahia. Segundo a assessoria do ex-presidente, sua participação não foi divulgada a pedido da empresa que desejava “fazer uma surpresa” a seus convidados.
Além da Odebrecht e JBS, a Ambev integrou o seleto grupo de empresas escolhidas como “campeãs nacionais” pelo governo do PT, privilegiadas com polpudos financiamentos do BNDES.
Na campanha de 2014 para a reeleição de Dilma Rousseff à Presidência a Ambev contribuiu com R$ 4 milhões.
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