Dezenas de milhares de norte-americanos relembraram segunda-feira a “Campanha dos Pobres”, iniciada há 50 anos pelo pastor Martin Luther King para exigir uma completa reforma das leis de direito ao voto e políticas de enfrentamento à pobreza sistêmica, ao racismo, à devastação ambiental e de freio ao militarismo.
A retomada do movimento impulsionado por King em 1968, um pouco antes de ser assassinado, sacudiu as ruas das capitais de 37 estados, elevando o tom em defesa dos direitos humanos rotineiramente desrespeitados pelos sucessivos governos do país.
Erguendo faixas e cartazes exigindo respeito, uma ampla coalizão de lideranças religiosas, comunitárias, sindicais, estudantis, ambientalistas, artistas e intelectuais reivindicou a erradicação da pobreza, salário mínimo de 15 dólares/hora, direito à organização sindical, serviço de saúde público, universal e gratuito, cidadania plena para os imigrantes, revogação do plano fiscal de Trump, proibição da extração de petróleo por fracking, reversão do encarceramento em massa e o fim das guerras imperialistas. A organização da Campanha denunciou ainda a crescente demonização e criminalização dos 140 milhões de pobres dos EUA, número que alcança quase a metade da população.
“Estamos vivendo em uma democracia empobrecida. As pessoas estão se levantando contra a mentira da escassez. Sabemos que no país mais rico do mundo não há razões para que as crianças passem fome, nem para que seja negado atendimento à saúde aos doentes, nem para que os cidadãos tenham seu voto suprimido. Os dois partidos precisam ser desafiados; um pelo que faz e o outro pelo que não faz”, declarou um dos porta-vozes da Campanha, o reverendo William Barber II, diante da multidão concentrada em frente ao Capitólio, em Washington. “Como é possível ser mais fácil acreditar que 140 milhões de pessoas são preguiçosas do que na possibilidade de que apenas 400 pessoas são egoístas?”, questionou Barber, citando o reduzido número de multimilionários que controla o poder econômico e político norte-americano.