A atriz Eva Wilma, uma das mais queridas atrizes da TV, cinema e teatro brasileiros nos deixou no último sábado (15). Seu corpo foi sepultado na tarde de domingo em cerimônia restrita em São Paulo.
A atriz, de 87 anos, foi vítima de um câncer de ovário e estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 15 de abril.
Artista completa, Eva Wilma sempre estudou canto, piano, violão e dança desde criança, atuando como bailarina clássica no início da carreira artística até iniciar sua longa trajetória como atriz, iniciada no Teatro de Arena e no programa “Alô Doçura”, na TV Tupi.
A atriz também sempre foi engajada politicamente e sua presença ficou marcada na histórica foto da Passeata dos 100 Mil, contra a Ditadura, que reuniu no Rio de Janeiro, em 1968, estudantes, lideranças políticas, artistas, intelectuais, jornalistas e as mais diversas personalidades do país marchando ao lado do povo.
Na foto, Eva Wilma aparece ao lado das atrizes Eva Todor, Tônia Carreiro, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell que, de mãos dadas, junto a outras personalidades, lideram a multidão que saiu às ruas em protesto.
Sobre a manifestação e o momento político que o país vivia daquele período, Eva Wilma contou em uma entrevista:
“Nós tivemos uma experiência muito interessante que às vezes o público desconhece. É uma foto famosa, emblemática, de um momento difícil para a cultura no país. Era uma mobilização contra a censura e pela cultura. Os teatros todos de São Paulo pararam, uma greve. A mobilização foi combinada de ser feita nos teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo. Três dias e três noites ininterruptos. A gente se revezava”.
Em outro depoimento, proferido no Copacabana Palace quando recebeu o prêmio Cesgranrio de Teatro em homenagem aos seus 70 anos de carreira, a atriz afirmou:
“Amo o ator por se emprestar inteiro para expor os aleijões da alma humana com a única finalidade de que o público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor a ser construído pela harmonia e pelo amor”.
Embora tenha se tornado popular principalmente pelo seu trabalho nas novelas de TV – a atriz iniciou nas novelas quando ainda eram feitas ao vivo, antes de ir para a TV Globo, em 1980 -, Eva Wilma nunca abandonou o trabalho no teatro, tendo recebido vários prêmios por suas atuações, como os prêmios Molière, Shell e Sharpe, entre outros.
Entre seriados e novelas, como o “Alô Doçura”, que ficou dez anos em cartaz entre as décadas de 50 e 60, a atriz atuou em mais de 50 trabalhos do gênero nas TVs Tupi, Record e Globo.
Na Globo, Eva Wilma participou das novelas “Pedra sobre Pedra” (1992), “O Rei do Gado” (1996) e “Começar de Novo” (2004), entre outras. Na novela “A Indomada”, a atriz viveu a vilã Altiva, que lhe rendeu vários prêmios.
Em 2015 teve seu último trabalho na TV, no seriado “Verdades Secretas”, da Globo, pelo qual também foi premiada.
No cinema, começou em 1953, trabalhando como figurante em comédias da Vera Cruz, mas logo depois já atuava como estrela em filmes como “Cidade Ameaçada” (1960), de Roberto Farias, “O 5º Poder” (1962), de Alberto Pieralisi, “A Ilha” (1963), de Walter Hugo Khouri, e “São Paulo SA” (1965), de Luiz Sérgio Person.
“Nossa querida Vivinha recebe o derradeiro aplauso, tenho certeza, de todos os profissionais que tiveram o privilégio e a honra de trabalhar com ela”, escreveu Miguel Falabella sobre a atriz.
“Como esquecer de tão brilhante carreira nos palcos e na tela? Estou com o coração partido e os olhos molhados. Mas estou de pé. E daqui, Eva querida, calejo as minhas mãos num eterno e interminável aplauso. Brava!”.