“O Brasil dá grande importância à eleição na Venezuela. Será uma ocasião de demonstrar que a democracia está consolidada e que não há razão para sanções”, afirmou o assessor de Lula, enviado à Venezuela
Membros do governo e integrantes de entidades da sociedade brasileira estão compondo uma delegação de observadores para acompanhar a eleição presidencial da Venezuela, que se realiza no próximo domingo, dia 28 de julho. Também estarão no país dirigido por Nicolás Maduro dois observadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Um dos participantes do grupo, o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim, afirmou esperar que a eleição consolide a democracia no país vizinho. “O Brasil dá grande importância à eleição na Venezuela. Será uma ocasião de demonstrar que a democracia está consolidada e que não há razão para sanções. Por isso, confiamos que o governo venezuelano tomará todas as providências para garantir que as coisas corram dessa maneira”, afirmou Amorim, em entrevista a O Globo.
O assessor do presidente Lula ressaltou que, se tudo correr normalmente, não há razão para sanções contra o governo venezuelano, como as aplicadas pelos Estados Unidos. O governo dos Estados Unidos aplica sanções ilegais – que não são aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU – a setores fundamentais da economia venezuelana, como petróleo e mineração, impedindo negócios e investimentos no país. A Venezuela tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo.
O Brasil participou do Acordo de Barbados, assinado em outubro do ano passado por representantes de Maduro e da oposição. O documento, que teve a mediação da Noruega e a participação de Brasil, Colômbia, EUA, entre outros países, prevê eleições livres, transparentes, justas e com o resultado aceito por todos. O Brasil tem interesse em que a situação política da Venezuela seja resolvida, que as sanções ilegais sejam suspensas e o país possa se reintegrar ao Mercosul.
Na semana passada, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro afirmou, numa entrevista, que pode haver um “banho de sangue” na Venezuela caso ele não vença as eleições. A afirmação assustou algumas pessoas, inclusive o presidente Lula. O líder brasileiro disse que ficou “assustado com a declaração do Maduro”. “O Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição”, disse o presidente.
Nesta terça-feira, Maduro respondeu. “Eu disse que se, negado e transmutado, a direita extremista (…) chegasse ao poder político na Venezuela haveria um banho de sangue. E não é que eu esteja inventando, é que já vivemos um banho de sangue”, manifestou o chefe do poder venezuelano. Sem citar Lula, ele afirmou que “aqueles que se assustaram” deveriam “tomar um chá de camomila”. Maduro disse que não disse nenhuma mentira, apenas fez uma reflexão.
Escalando a polêmica, o presidente venezuelano afirmou que a Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do mundo. “É feita uma auditoria em 54% das mesas. Onde mais no mundo se faz isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é inauditável. No Brasil? Eles não auditam nenhum registro. Na Colômbia? Não auditam um único ato. Na Venezuela auditamos 54%”, apontou o presidente.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, saiu em defesa do sistema eleitoral brasileiro logo após a fala do presidente da Venezuela. A ministra afirmou que “as urnas e as eleições brasileiras são auditadas, desde o início do seu processo até o seu final”. Essa tinha sido, inclusive, uma acusação que os fascistas brasileiros inventaram para contestar a derrota de Jair Messias Bolsonaro nas eleições de 2022.