O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para a defesa do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, se explicar e entregar as senhas corretas da nuvem do celular do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL).
Anderson Torres entregou senhas falsas para a Polícia Federal a fim de atrapalhar as investigações sobre sua participação na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
Torres voltou de viagem dos Estados Unidos sem seu celular. Ele diz que perdeu o aparelho na viagem.
Mesmo tendo falado para a PF que iria contribuir com as investigações, Anderson Torres informou senhas inválidas para o acesso à “nuvem” (armazenamento online) de seu celular.
Segundo o G1, o ato irritou os investigadores, que enxergam motivos para Anderson Torres ficar preso mais tempo. Ele está na prisão desde o dia 14 de janeiro.
Apesar disso, a Polícia Federal conseguiu acessar uma parte dos dados que estavam armazenados na nuvem. Mas não conseguiu acesso a outros dados.
Os investigadores querem acesso aos dados do celular de Anderson Torres para conseguir as conversas do ex-ministro com outras autoridades do governo Bolsonaro que podem ter se envolvido nos atos antidemocráticos.
A PF está aprofundando a investigação acerca das conversas que Torres teve em relação à minuta de decreto presidencial golpista e do plano de atrapalhar eleitores de Lula no segundo turno das eleições.
O decreto foi encontrado dentro do armário de Anderson Torres, em sua casa, e guardado em uma pasta do governo federal. O texto determinava a instauração de um “estado de defesa” sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a alteração do resultado das eleições presidenciais.
Anderson Torres, enquanto era ministro de Bolsonaro, também ficou encarregado de usar a estrutura do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para colocar em prática um plano de impedir que eleitores de Lula chegassem em seus locais de votação no dia do segundo turno.
Torres organizou o plano ao longo de outubro, tendo pedido à diretora de Inteligência do Ministério, Marília Alencar, para mapear os locais onde Lula foi mais bem votado no primeiro turno.
O documento foi encontrado pela PF no celular de Marília, apesar dela ter tentado excluí-lo.
O ministro bolsonarista também conversou com ex-dirigentes da PRF e da PF para que diversas blitz fossem realizadas nos pontos onde Lula recebeu mais votos do que Bolsonaro no primeiro turno.
No dia 30 de outubro, quando foi realizado o segundo turno, a PRF fiscalizou 2.185 ônibus e reteve 48 somente na região Nordeste, onde mais ocorreram blitz. No primeiro turno, Lula recebeu 21,6 milhões de votos no Nordeste, enquanto Bolsonaro somente 8,7 milhões.