Com o anúncio pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nesta terça-feira (13), de um aumento na energia para os consumidores do Rio de Janeiro, o governo Temer oficializa um novo tarifaço nas contas de luz dos brasileiros. A população atendida pela distribuidora Light sofrerá um reajuste médio de 10,3%.
Já o aumento autorizado para a distribuidora Enel Rio (antiga Ampla), que atende o interior do estado, é ainda maior, em média 21,46%.
A alta começa a valer a partir da próxima quinta-feira (15). Para os consumidores industriais da Enel, o aumento será de 19,94%, em média. A Enel Distribuição Rio atende a 3,1 milhões de unidades consumidoras no Rio, uma população de 6,6 milhões de pessoas, distribuídas em 66 municípios fluminenses.
Os consumidores de baixa-tensão da Light irão arcar com um reajuste de 9,09% e aquele que usam o serviço de alta tensão, o aumento será de 13,4%. A Light atende a 3,8 milhões unidades localizados em 31 municípios do Rio de Janeiro.
A maior parte do aumento nas contas de luz da Light veio do reajustes nos custos de compra de energia, de transmissão de eletricidade, que inclui uma indenização multibilionária que está sendo paga às empresas pelo consumidor, e de encargos setoriais, tudo isso pago pelos brasileiros.
O governo e as distribuidoras alegam que o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas registrados no ano passado, “também contribuíram para a alta na tarifa em 2018”. Segundo eles, sem chuvas, foi preciso acionar mais usinas térmicas (que são mais caras) para garantir o suprimento. O governo e as distribuidoras não se planejaram, tiveram que acionar uma fonte de energia mais cara, para garantir suas obrigações perante os contratos de concessão. Porque são os trabalhadores que arcam com os custos?
O favorecimento dado às distribuidoras pelo governo Temer é evidente em outras medidas, como por exemplo, semana passada, as duas distribuidoras conseguiram regras especiais durante a atuação das Forças Armadas no estado, elas ficaram livres de compensar consumidor por falta de luz em áreas de operação militar.
Na prática, o que ocorre no país inteiro é que a desestruturação programada do setor elétrico pelos últimos governos para os períodos de estiagem, secas e faltas de chuva, é custeada pelos consumidores.
Além do esforço do governo para que as distribuidoras, em sua maioria já privatizadas, terem seus lucros garantidos. O serviço prestado por elas é de péssima qualidade, caríssimo, não atende nossas demandas, mas seus executivos seguem riquíssimos às custas dos trabalhadores.
A Aneel também aprovou, na terça-feira (13), aumento nas contas de luz do interior de São Paulo, atendidos por distribuidoras do grupo CPFL, que em 2018 foram unificados como CPFL Santa Cruz. Os reajustes podem ser cobrados a partir de 22 de março e variam entre 3,40% chegando até 21,15% (CPFL Mococa: 3,40%; CPFL Jaguari: 21,15%; CPFL Leste Paulista: 7,03%; CPFL Sul Paulista: 7,5%; CPFL Santa Cruz: 5,32%)
Um levantamento da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) indicou que, entre 2014 e 2017, a tarifa média dos consumidores residenciais acumulou alta média 31,5% no país e que a estimativa é de que, ao final de 2018, o aumento acumulado chegue a 44%.