Mais uma vez a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propõe um novo aumento nas contas de luz dos brasileiros. Em audiência pública nesta terça-feira (07), o órgão federal propôs repassar diretamente para os consumidores o déficit de R$ 1,44 bilhão no orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – fundo setorial que teria como objetivo custear as políticas públicas do setor elétrico brasileiro.
De acordo com a Aneel, o aumento se justifica pelo atraso na privatização das seis distribuidoras da Eletrobrás no Norte e Nordeste do país. De acordo com a Aneel, a população deverá subsidiar o valor.
Ou seja, enquanto o governo Temer (PMDB) entregar as distribuidoras que atendem mais de 13 milhões de pessoas, para a iniciativa privada, “por até R$ 50 mil” – como disse o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira, terá como custo para o conjunto dos consumidores brasileiros, um adicional de R$ 1,44 bilhão, apenas em 2018.
TARIFAÇO
Só este ano, os brasileiros já arcaram com o chamado aumento ordinário na energia, que elevou a conta de luz para mais de 80% da população. Os aumentos autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica chegam a 38,6%.
Na terça-feira, a Aneel autorizou o aumento das contas de luz do Pará e do Espírito Santo. A Centrais de Elétricas do Pará (Celpa) terá o reajuste médio de 11,75% nas tarifas em consumo residencial em todos os municípios paraenses que a Companhia atende. Já os consumidores atendidos pela EDP Espírito Santo terão o aumento anual nas contas de luz. O impacto residencial de tarifa será de 15,84%. A concessionária atende aproximadamente 1,5 milhão de unidades consumidoras localizadas no Espírito Santo.
BANDEIRAS
Já a bandeira tarifária, que eleva a conta de luz em R$ 5 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos, valerá até o mês de novembro, segundo a própria Aneel.
Mesmo com a sequência de aumentos na tarifa de energia elétrica promovida no país nos últimos tempos, as distribuidoras pretendem aumentar novamente a bandeira tarifária, alegando que os recursos não são suficientes para cobrir as despesas com a geração de energia elétrica.
Em entrevista ao Poder360, o presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Leite, disse que o déficit no caixa das distribuidoras alcançará R$ 4,6 bilhões em agosto. Segundo ele, essa é a diferença entre o custo para gerar energia e o valor que é arrecadado via bandeira tarifária. Ainda de acordo com a avaliação de Nelson Leite, o reajuste dos valores pagos pelos consumidores seria a maneira mais “rápida” de resolver o desequilíbrio financeiro das distribuidoras.