A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou na tarde do sábado (7) a exclusão do jornal Folha de S. Paulo do grupo de jornalistas selecionado para cobrir o jantar entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump na noite do sábado, na Flórida.
“A Associação Nacional de Jornais lamenta e condena a discriminação do Palácio do Planalto contra a Folha de S. Paulo. A Presidência da República deveria se pautar pela atuação de forma impessoal, como exige a Constituição brasileira, sem favorecimentos ou perseguições a veículos de comunicação e jornalistas”, afirmou a ANJ, em nota.
O governo Bolsonaro selecionou um grupo de 15 profissionais que serão levados ao resort de Mar-a-Lago para acompanhar o encontro, sem incluir a Folha.
Entre os veículos selecionados estão o Estadão; o jornal O Globo; as emissoras de TV Globo, SBT, Record e Band; a rádio Jovem Pan; as agências de notícias Bloomberg e Reuters; televisão pública EBC; e os portais BBC Brasil e Metrópoles.
A reportagem da BBC Brasil também não havia sido inicialmente contata mas, diferente da situação da Folha, conseguiu entrar no grupo após acionar o governo brasileiro.
Uma integrante da Secretaria de Comunicação da Presidência alegou que o critério para escolha dos jornalistas era o veículo fazer cobertura diária do Planalto.
A Folha de S. Paulo divulgou nota condenando a discriminação do Planalto contra o órgão de imprensa. “A Presidência mais uma vez discrimina a Folha, o que já se tornou um método de perseguição. O jornal continuará cobrindo esta administração de acordo com os padrões do jornalismo crítico e apartidário que o caracteriza e que praticou em relação a todos os governos”, diz o texto.
O presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Marcelo Träsel, afirmou que “uma retaliação nesse formato é inadmissível” e que “não condiz com um governo democrático”. Träsel também afirmou que “faz parte da democracia prestar contas à sociedade. O jornalismo sempre é fiscal de qualquer governo, seja qual for sua orientação”.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo repudiaram a exclusão da Folha da cobertura do jantar.
“A Fenaj e o Sindicato consideram que mais uma vez o presidente viola a impessoalidade e a transparência que devem reger a administração pública. Fica explícita a perseguição e a discriminação contra um determinado órgão de imprensa, a Folha. O presidente Bolsonaro persegue a imprensa por querer impedir a divulgação de fatos e notícias que simplesmente desagradam o seu governo”, declarou Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e vice-presidente da Fenaj.
Após as cobranças, o setor de comunicação do governo informou que iria trabalhar para reverter a situação.
Mas até o fechamento dessa edição, a Folha continuou excluída.