A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou, em nota, os ataques e ameaças de Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente da República, ao jornal Folha de S. Paulo.
A ANJ “rejeita com veemência os termos e o teor das declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro ao reiterar ataques ao jornal Folha de S. Paulo”.
A entidade defende que “eventuais inconformismos com noticiário de veículos de comunicação não podem ser confundidos com inaceitáveis retaliações a jornais por meio de uso de verbas publicitárias oficiais. Investimentos em publicidade por governos, como as demais verbas públicas, devem seguir expressamente critérios técnicos, e nunca políticos ou partidários”.
“A ANJ espera que o princípio da liberdade de imprensa, saudavelmente afirmado pelo presidente eleito em seu discurso após a vitória nas urnas, se manifeste na prática, o que inclui o respeito a opiniões divergentes e à independência editorial, fundamentos da pluralidade de visões e da democracia”, afirma o documento.
Para a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), “o respeito à Constituição – à qual o presidente fará um juramento solene de obediência no dia 1º de janeiro de 2019 – não é pleno quando a imprensa se converte em objeto de ataques e de ameaças”.
“Fiscalizar o poder público – e em particular as ações do presidente da República – sempre foi e seguirá sendo uma função inerente ao jornalismo, exercida em nome do interesse público. Essa função (…) deve ser objeto de zelo de todo governo democrático”, afirmou a entidade, por meio de nota.
Após ataques de Bolsonaro ao jornal Folha de São Paulo, chamando-a de “maior fake news do Brasil”, entidades representativas e associações de imprensa publicaram notas em defesa da democracia, da constituição e da liberdade de imprensa.
Durante a corrida eleitoral, em discurso feito para apoiadores na Avenida Paulista, falou que ganharia a disputa “sem mentira, sem fake news, sem Folha de S.Paulo. A Folha é o maior fake news do Brasil”. Na entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, dada após a vitória nas urnas, Bolsonaro chamou a Folha de “indigna” e que ela não receberia verbas publicitárias do Governo Federal. Segundo ele, “esse jornal se acabou”.