Aos 80 anos de idade, faleceu o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Annan sucedeu o egípcio Boutros Ghali para ser o primeiro negro e o segundo africano a assumir o comando da Organização das Nações Unidas.
Seu papel mais destacado foi no esforço de reduzir o sofrimento imposto ao povo iraquiano quando das sanções que incluíam bloqueio ao país (então governado por Sadam Hussein), através do programa “Petróleo por Alimentos” e, a seguir, na oposição à invasão do Iraque por parte dos Estados Unidos em 2003.
Durante os momentos que precederam a invasão norte-americana ao Iraque, a ONU, sob o comando de Annan enviou uma equipe de inspetores para verificar as alegações norte-americanas da existência de armas de destruição em massa nas mãos dos iraquianos. Quando ficou claro que as inspeções levariam a suposições contrárias aos interesses intervencionistas dos Estados Unidos, foi ordenada a invasão passando por cima do Conselho de Segurança da ONU que não a aprovaria.
A invasão foi criticada por Annan que em entrevista à BBC, em 2004, declarou: “Do nosso ponto de vista e do ponto de vista da Carta das Nações Unidas a invasão foi ilegal”.
Ele dirigiu a entidade de 1997 a 2006, procurando, em muitos casos, superar injustiças tais como a ocupação da Palestina e o bloqueio a Cuba.
Após haver deixado a Secretaria-Geral da ONU, com o apoio de Neçlson Mandela, que Annan ajudou a criar e integrou o Conselho dos Anciãos com a finalidade de lutar pela paz e contra as injustiças.
Annan também se chocou com aspectos essenciais do garrote neoliberal sobre os países menos desenvolvidos. Exemplo disso foi o resultado de sua passagem pelo Brasil, quando acompanhou a XIa Rodada UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento). Nesta rodada – em que a visão de luta contra a dependência econômica e contra distorções de um desenvolvimento econômico excludente, exposta por Celso Furtado, foi prestigiada – foi enfatizado o papel do comércio Sul-Sul, com a circulação dos produtos podendo ser fortalecido sem a necessária passagem pedagiada pela Europa ou Estados Unidos.
Nesta rodada foi aprovado o alerta de que é premente “a necessidade de se permitir aos países em desenvolvimento ‘espaço político’ para políticas econômicas nacionais, vale dizer, maior escopo para políticas de desenvolvimento industriais, comerciais e de investimentos que levem em consideração os potenciais de desenvolvimento específicos de cada país e suas circunstâncias sócio-econômicas”.