Anúncio veio após o Instituto Butantan alertar que a agência estava retardando a autorização
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou na sexta-feira (23) a importação excepcional, pelo Instituto Butantan, de 6 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pela empresa chinesa Sinovac.
O Butantan fez o pedido no dia 23 de setembro.
O anúncio da Anvisa aconteceu um dia após o diretor-geral do instituto, Dimas Covas, denunciar que a autorização para a importação excepcional de matéria-prima da Sinovac que possibilitará a fabricação da vacina no Brasil estava sendo retardada.
O pedido incluía também o recebimento de 6 milhões de doses de vacinas já prontas pela empresa chinesa.
Contudo, o aval da agência não indica que as doses poderão ser aplicadas. Vai depender do resultado dos testes clínicos e do registro da vacina no país.
O Butantan pretendia receber essas doses em outubro e fabricar no Brasil, até dezembro, as outras 40 milhões de doses a partir da matéria-prima que chegaria da China.
Dimas Covas disse ter recebido a informação de que o assunto só será tratado em uma reunião da Anvisa em 11 de novembro. “Uma liberação que ocorre em dois meses deixa de ser excepcional”, declarou Dimas.
A Anvisa não deu explicações sobre o atraso e ainda falta a análise da importação de matéria-prima.
Disse que o atraso se deve a “descrepâncias” no pedido sem dizer quais.
A agência diz que “a utilização do produto ficará condicionada à obtenção de seu registro sanitário junto à Anvisa”. Em resumo, após a conclusão dos testes clínicos e a solicitação do aval.
Até lá, a carga deverá ficar sob guarda do Instituto Butantan, “que deverá mantê-la em suas instalações e em perfeitas condições de acondicionamento até que seja autorizada a utilização”.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), publicou em seu Twitter uma nota de agradecimento à Anvisa pela liberação da importação da CoronaVac. “A CoronaVac será a vacina do Brasil”, escreveu o governador.
“Agradeço a postura coerente e autônoma da Anvisa, ao liberar compra inicial de 6 milhões de doses da Coronavac. Reforçamos a importância da liberação de insumos para a produção das outras 40 milhões de doses. A Coronavac será produzida em SP, no Butantan. Será a vacina do Brasil”, disse Doria.
Na quarta-feira (21), Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que em reunião com governadores na terça-feira (20) anunciou que o Ministério da Saúde compraria 46 milhões de doses da vacina CoronaVac.
“A vacina do Butantan será a vacina brasileira. Nós já fizemos uma carta em resposta ao ofício do Butantan e essa carta é o compromisso da aquisição dessas vacinas, que serão fabricadas até o início de janeiro”, afirmou Pazuello, ele próprio diagnosticado esta semana com Covid-19.
No dia seguinte, Bolsonaro repreendeu Pazuello e declarou que o governo não iria comprar a vacina. “Não será comprada”, disse ele afirmando que o anúncio de Pazuello foi uma “traição”.