Em visita a Moscou nesta segunda-feira (13), o presidente sírio, Bashar Assad, recebeu a solidariedade do dirigente russo, Vladimir Putin, que condenou a presença “ilegal’ de exércitos estrangeiros no país árabe, frisando que ao atuarem em conjunto com terroristas estas tropas atentam contra a consolidação da paz. Foi a primeira viagem do líder sírio ao exterior desde 2019, quando viajou ao Irã.
Putin disse a Assad que os esforços conjuntos de suas forças armadas representaram um golpe paralisante para os terroristas, permitindo que Damasco recuperasse o controle de mais de 90% de seu território. No entanto, ainda permanecem alguns obstáculos antes do “retorno à vida normal”. A Síria enfrenta bandos terroristas alimentados pela CIA desde 2011 e obteve avanços decisivos após 2015, com o destacamento de forças russas ao país a convite de Damasco.
O principal problema, sublinhou o dirigente russo, ”é que as forças armadas estrangeiras estão presentes em certas áreas do país sem qualquer mandato das Nações Unidas, sem a sua autorização, o que contradiz claramente o direito internacional”. Conforme informações, cerca de 900 soldados estadunidenses permanecem no norte da Síria, ajudando as forças terroristas lideradas por curdos. Para Putin, “isso impede que se faça um esforço máximo para consolidar o país e mover, ao longo do caminho de sua restauração, em um ritmo que seria possível se todo o território fosse controlado pelo governo legítimo”.
Os exércitos russo e sírio não só alcançaram resultados impressionantes no combate ao terrorismo, mas também “facilitaram o retorno de refugiados que haviam sido forçados a abandonar suas casas, a deixar sua terra natal”, disse Assad. “O terrorismo internacional não conhece fronteiras e se espalha como uma infecção por todo o mundo, portanto, nossos exércitos deram uma grande contribuição para proteger toda a humanidade desse mal”, acrescentou o presidente sírio.
Putin parabenizou Assad por sua recente reeleição, vendo isso como um claro sinal de que o povo sírio “confia” nele para levar o país de volta a uma vida pacífica. O líder russo manifestou esperanças de que o dirigente sírio acabe por unir todos os oponentes políticos em um processo de reconciliação nacional.
Assad reconheceu a necessidade de continuar avançando no diálogo político dentro da Síria, mas expressou pesar pelo fato de que esteve basicamente “paralisado nos últimos três anos”. Segundo o líder sírio, alguns países têm uma “influência destrutiva” no potencial de processo político do país. Ele também lembrou Putin das sanções impostas ao país – dilacerado pela guerra – pelos Estados Unidos seguido da União Europeia e monarquias árabes, classificando essas restrições como “anti-humanas” e “ilegais”.
Destacando os avanços conquistados no último período, Assad agradeceu o apoio militar e diplomático durante o conflito, destacando especialmente os esforços do Ministério das Relações Exteriores da Rússia para defender o direito da Síria de decidir seu próprio destino e resistir às tentativas de alguns países de “usar o terrorismo para atingir seus objetivos”.
Outro assunto que ganhou relevância na agenda foi o combate à pandemia de Covid-19, em que Putin ressaltou que os dois países estão “trabalhando juntos para resolver o principal problema enfrentado atualmente pela humanidade”. As entregas de lotes das vacinas russas Sputnik V e Sputnik Light para a Síria já começaram, informou o presidente russo, com Assad agradecendo o estratégico envio dos suprimentos e de outras ajudas humanitárias fornecidas por Moscou a Damasco.