Jair Bolsonaro aproveitou-se da reunião com governadores da Região Amazônica, na terça-feira (27), onde o que deveria ser discutido eram ações emergenciais de combate aos desmatamentos e às queimadas, que cresceram muito no último mês na região, para fazer apologia da invasão e exploração das terras indígenas e áreas de preservação ambiental com vistas à exploração mineral.
Os governadores esperavam medidas concretas de ajuda para enfrentar a grave situação das queimadas em seus estados, mas observaram que Bolsonaro tem outras “preocupações” e outros “interesses” – nada patrióticos – para a Amazônia.
Ele já disse que a indicação do filho para a Embaixada do Brasil nos EUA é porque “o garoto”, além de fritar hambúrguer, “é muito amigo da família Trump, e pode ajudar bastante a atrair parceiros americanos para a exploração de minérios na Região Amazônica”.
Ele perguntou, ao fim da fala de cada governador, quanto do território do seu Estado estava “inviabilizado” por terras protegidas. Ou seja, o insano acha que preservação ambiental inviabiliza as atividades econômicas. Na verdade, o que a preservação inviabiliza é a entrega, que ele quer fazer, do país para a exploração estrangeira desenfreada de nossos minerais.
Então, essa fixação em eliminar as reservas indígenas e atropelar as leis de proteção ambiental, defendidas por Bolsonaro, não tem nada a ver com progresso e desenvolvimento econômico. Tem a ver com a entrega dessas áreas para os americanos explorarem e devastarem. Tem a ver com servilismo e mais destruição ambiental.
Sua implicância com os índios tem tudo a ver com isso. “Índio não faz lobby e consegue ter 14% do território nacional demarcado”, disse ele aos governadores. Bolsonaro está incomodado porque as comunidades indígenas, ao defenderem suas terras, estão atrapalhando seus planos de entregar o ouro e demais minérios para os gringos.
E não é para qualquer um que o “mito” quer entregar a Amazônia. Ele é um entreguista seletivo. Esbraveja contra a mulher do Macron, fala da Noruega, xinga a Alemanha, etc, mas o que ele faz questão mesmo de fazer é se jogar no colo de seus amos americanos.
Para tentar confundir setores das Forças Armadas, que, por serem patriotas, não admitem o olho grande estrangeiro sobre a Amazônia, Bolsonaro inventa uma conversa de que muitas reservas “têm aspecto estratégico que alguém programou”.
Disse isso aos governadores. Alerta que “há pressão internacional nessa área”. Só que a verdadeira pressão internacional sobre a Amazônia hoje são suas ideias de abrir as áreas indígenas para exploração mineral por “investidores” norte-americanos.
Na contramão dos especialistas, que consideram a exploração sustentada das florestas – possuidoras de uma imensa biodiversidade – muito mais rentável economicamente do que a simples derrubada e sua substituição por áreas de pastagens para a pecuária, áreas de mineração ou para a agricultura, Bolsonaro quer arrombar as áreas preservadas e indígenas e entregá-las às mineradoras e aos desmatadores.
E o pior é que não é nem principalmente para as atividades agrícolas, mas para intensificar a extração mineral.
Bolsonaro seguiu insinuando na reunião que os responsáveis pelo aumento das queimadas são as ONGs. Não teve a menor preocupação em sustentar com provas o que dizia. “Se eu demarcar agora, pode ter certeza de que o fogo acaba em cinco minutos”, afirmou.
Ele já havia acusado as organizações não governamentais (ONGs) de serem responsáveis pelo aumento de queimadas na Amazônia este ano. Teve que engolir o que disse. Mas não desiste de acusar sem provas.
Ambientalistas denunciam que há interesses econômicos poderosos por trás do lobby de Bolsonaro sobre as terras indígenas e terras protegidas. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), há 4.332 requerimentos para exploração do subsolo em um terço das áreas indígenas registrados na Agência Nacional de Mineração, incluindo os Parques de Tumucumaque (AP e PA), Araguaia (TO) e Aripuanã (MT).
É para essas atividades de exploração e devastação da Amazônia e oitras regiões do país que Bolsonaro procura seus “parceiros” na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. É para essa tarefa que ele quer mandar seu filho como embaixador naquele país.
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