Quanto mais ele vende, mais sobem os preços da gasolina e diesel. Já é assim com a RLAM, da Bahia. Agora ele quer entregar a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, e a Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul
Em meio à alta nos preços dos combustíveis, o governo brasileiro decide agravar a situação e anuncia a venda de mais três refinarias da Petrobrás. A privatização da RLAM, na Bahia, já havia jogado por terra a falácia de que, com a privatização, haveria concorrência e os preços baixariam. A refinaria foi comprada por um fundo árabe e hoje vende o combustível mais caro do Brasil.
O governo reiniciou nesta segunda-feira os processos de venda da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, bem como os ativos logísticos integrados a essas refinarias. O plano de desinvestimento em refino da Petrobrás representa, aproximadamente, 50% da capacidade de refino nacional, totalizando 1,1 milhão de barris por dia de petróleo processado.
Esse tipo de atitude desmascara a encenação de Bolsonaro em relação aos preços dos combustíveis. Ao mesmo tempo que aparenta querer baixar os preços, toma a decisão de vender mais três refinarias, o que vai elevar os preços, como já aconteceu na Bahia. O estado onde a gasolina está sendo vendida mais cara é exatamente onde a refinaria foi privatizada.
Com o controle do fundo árabe Mubadala sobre a Refinaria Mataripe, ex-Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás, privatizada no governo Bolsonaro, o estado da Bahia passou a ocupar o 1º lugar com o diesel S10 mais caro do país, segundo um levantamento com base nas pesquisas semanais da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em meados de maio, o preço médio do diesel S10 na Bahia chegou a R$ 7,66 o litro, o mais alto de todos os estados.
Numa sondagem também baseada em dados da ANP, que levam em consideração os preços desde janeiro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a refinaria baiana era da Petrobrás, já se confirma que a privatização elevou os preços. De janeiro até a 1ª semana de maio de 2021, os preços na Bahia apareciam de 23º a 16º mais caros, considerando-se todos os 26 Estados e o Distrito Federal. Ou seja, invertendo o ranking, o Estado já figura do 5º ao 12º lugares entre os preços mais altos.
Num momento em que o país deveria investir em mais refino, em retomar a construção de suas refinarias para não ficar na perigosa dependência do mercado mundial, cada vez mais instável, o governo se desfaz de suas refinarias. Parece uma medida destinada a enfraquecer e empobrecer ainda mais o país. Os gastos do Brasil com óleos combustíveis de petróleo importados saltaram de US$ 7,3 bilhões em 2020 para US$ 13,4 bilhões em 2021. Enquanto isso, o parque de refino da Petrobrás é sucateado e vendido.
Quanto mais o governo se desfaz de suas refinarias, mais o país gasta dólar com importação, menos segurança energética o país tem e mais os preços sobem. Essa é uma realidade que já está acontecendo agora. E, para piorar ainda mais situação, o governo obriga a Petrobrás a cobrar os mesmos preços pagos pelos grupos importadores, apesar de ter capacidade de produzir internamente, inclusive com um custo de produção baixo, podendo cobrar um preço bem menor pelos combustíveis.
Esta obrigação de vender mais caro é chamada de “preços de paridade de importação” (PPI), ou seja, mesmo produzindo internamente a um custo mais baixo, a Petrobrás é obrigada a cobrar como se estivesse importando a gasolina e o diesel. O governo aceita isso para beneficiar as empresas importadoras que não querem que haja concorrência com os preços mais baixos da Petrobrás.
Outro grupo que está se beneficiando muito dessa política suicida, além dos importadores, são os acionistas da Petrobrás, em grande parte estrangeiros. Eles não estão nem um pouco preocupados com as agruras da população. Para eles, não importa que os preços sejam altos. Eles estão ganhando e é isso o que interessa. Seu objetivo é embolsar seus gordos dividendos o mais rapidamente possível, e que se dane se o país está sofrendo com preços extorsivos.
Como se pode ver, não são apenas os escândalos de corrupção, como o mais recente, envolvendo a propinagem dos pastores no MEC, que estão marcando o melancólico final do governo Bolsonaro. O entreguismo também é sua marca registrada. A intenção deste desgoverno, como Bolsonaro prometeu aos americanos assim que assumiu o governo, numa reunião com a extrema-direita americana em Washington, é se desfazer de tudo o que foi construído em toda a história do Brasil.