“As empresas privadas tratam o sistema elétrico apenas como fonte de lucro. Eles cortam pessoal e investimentos. Há, então, o sucateamento do sistema”, denunciam sindicalistas
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já determinou a investigação das causas do apagão elétrico que atingiu praticamente todo o Brasil nesta terça-feira (15), mas para lideranças sindicais, seja qual for o motivo concreto, ele está ligado à privatização da Eletrobrás.
“Não sabemos exatamente o que aconteceu. Tem que ser apurado o que levou ao apagão, agora, certamente a privatização tem a ver com isso porque aconteceu com certeza numa instalação privada”, afirmou uma fonte ligada ao setor elétrico. Ele acha que o problema pode ter se originado na Eletronorte, tendo em vista que parece que foi na região norte, pelas características do apagão.
“As empresas privadas tratam o sistema elétrico apenas como fonte de lucro. Eles cortam pessoal, como está acontecendo na Eletrobrás, com as demissões e os cortes de gastos e de investimentos, há sucateamento do sistema. É a isso que a privatização leva”, acrescentou o especialista.
O coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, afirmou que a causa do apagão deve ser operacional, pois não há um alerta pela seca, por exemplo, que pudesse impactar a produção e distribuição de energia. “Apesar do baixo nível de chuva, não estamos em uma situação de seca extrema, principalmente na região Nordeste, que foi onde começou o apagão”, explicou.
Em nota a ONS confirmou “uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional interrompeu 16 mil MW de carga em estados do Norte e Nordeste do Brasil. Estados do Sudeste também foram afetados”. A causa da queda é apurada e que a recomposição já foi iniciada em todas as regiões e até às 9h16, 6 mil MW já foram recompostos.
Desde que a Eletrobrás foi privatizada no ano, seus trabalhadores vêm lutando contra os ataques da atual direção em seus direitos, além do desmonte de setores fundamentais para o bom funcionamento da empresa e do atendimento à população. A possibilidade de um apagão foi por diversas vezes previsto pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) que, inclusive, enviou correspondência ao MME, a NOS e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEE).
“Ainda não sabemos exatamente a causa, mas a falta de pessoal qualificado, após a dispensa de milhares de trabalhadores experientes, a não reposição da mão de obra, os problemas com falta de equipamentos adequados e com a visão da atual direção da Eletrobrás em distribuir lucros aos acionistas em detrimento dos investimentos necessários são responsáveis pelo apagão. Exemplos já ocorrem como a explosão de um transformador de energia da Usina de Tucuruí , no Pará e o apagão que deixou o Amapá às escuras”, diz Nailor Gato, diretor da CNE, que trabalha na Eletronorte.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico informou que investiga o que provocou a falha no sistema. Ele ainda disse que o apagão foi causado na conexão das linhas de transmissão que fazem a ligação entre as regiões Norte e Nordeste e as regiões Sul e Sudeste e que os estados do Sul e do Sudeste tiveram a transmissão de energia interrompida para evitar a propagação do problema.