Apagão de Gaza pode ser usado para encobrir mais atrocidades de Israel, alerta ong HRW

Bombas de Israel destruíram na sexta (27) prédios residenciais no campo de refugiados de Al Shati, perto da cidade de Gaza. (AFP)

Bombardeio israelense foi planejado para isolar 2,2 milhões de habitantes de Gaza do mundo exterior via interrupção generalizada de telefones e internet”, afirma Human Rights Watch

A Human Rights Watch (HRW), ong da área de direitos humanos, alertou que o apagão telecomunicacional que deixou sem internet e telefone toda a Faixa de Gaza nesta sexta-feira (27), pode esconder atrocidades de enormes proporções para o conjunto da população palestina.

Conforme o comunicado da HRW, neste dia “ocorreram interrupções generalizadas de telefone e internet em Gaza”, “em meio a um bombardeio israelense planejado, isolando quase totalmente os 2,2 milhões de residentes do mundo exterior” quase três semanas após o começo da nova onda de agressões. Tamanho “apagão de informações”, alerta a pesquisadora sênior de tecnologia e direitos humanos do grupo, Deborah Brown, “corre o risco de fornecer cobertura para atrocidades em massa e contribuir para a impunidade das violações dos direitos humanos”.

O apagão provocado pela ação de mais de uma centena de aviões, que já destruíram ou comprometeram metade dos prédios de Gaza, também está impossibilitando a comunicação de civis, agências humanitárias e jornalistas com o mundo exterior, com várias entidades culpando as autoridades israelenses pelos sua atuação criminosa.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, advertiu neste sábado (28) para a possibilidade de milhares de civis serem massacrados numa operação terrestre israelense. “Os bombardeios levam a esta crise terrível, a um novo nível de violência e dor”, condenou Volker, frisando que nestes “56 anos de ocupação, soa o alarme sobre as consequências potencialmente catastróficas das operações terrestres em grande escala em Gaza e a possibilidade de mais milhares de civis serem mortos”.

“GAZA ESTÁ DESCONECTADA DO PLANETA”

“Ontem à noite, de repente, toda a ligação foi perdida… tudo caiu”, testemunhou à BBC um morador da cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza, que conseguiu enviar uma mensagem. Enquanto ele falava, se ouviu uma explosão ao fundo, e o relato de que, encontravam-se sob ataque. “A situação é muito perigosa. As pessoas estão muito tensas, procurando suas famílias, seus entes queridos. Gaza está desconectada do planeta”, resumiu.

Inúmeras organizações internacionais como a Cruz Vermelha, os Médicos sem Fronteiras, a Anistia Internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) informaram estar sem contato com os seus funcionários.

A coordenadora humanitária da OCHA, Lynn Hastings, enfatizou que os hospitais e as ações da ONU “não podem continuar sem comunicações”, da mesma forma que sem energia, alimentos, água e medicamentos. “Este bloqueio às comunicações significa que será ainda mais difícil obter informações e provas críticas sobre violações dos direitos humanos e crimes de guerra cometidos contra civis palestinos em Gaza”, acrescentou.

O Ministério da Saúde de Gaza informa que até o momento cerca de 7.700 pessoas foram assassinadas pelos bombardeios israelenses desde 7 de outubro, quase inteiramente civis e grande parte deles crianças. Autoridades israelenses registram 1.400 mortes decorrentes dos ataques de 7 de outubro.

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