Apagão: governo federal mantém sistema ConecteSUS fora do ar há dez dias

Governo afirma que situação só começa a ser normalizada na quarta-feira - Foto: Reprodução

O aplicativo ConecteSUS segue fora do ar dez dias após os ataques de hackers aos sistemas do Ministério da Saúde. A ferramenta reúne ainda informações do histórico clínico dos pacientes, medicamentos dispensados e exames feitos, inclusive sobre a vacinação contra a Covid-19

No último dia 10, o site do Ministério da Saúde foi vítima de um ataque hacker, o que fez com que a plataforma saísse do ar. Dois dias depois, na madrugada do dia 12, uma nova tentativa de invasão nos sistemas da pasta foi confirmada pelo governo.

Com o ConecteSUS fora, não é possível, por exemplo, acessar o comprovante vacinal e tão pouco incluir no sistema novos dados sobre a imunização. Profissionais da saúde tiveram que voltar a anotar em planilhas de papel a aplicação das doses de vacinas contra a covid. Essas informações deverão ser incluídas nos formulários online posteriormente. 

Além de informações sobre vacinação, dados que permitiam o monitoramento da pandemia foram impactados. O ataque hacker também impossibilitou que fosse registrado o avanço da campanha de imunização no país. Por exemplo, na quinta-feira (16), 14 estados não disponibilizaram dados sobre doses de vacinas aplicadas. O país, que estava imunizando mais de 1,2 milhão de pessoas por dia, passou a contabilizar uma média de 900 mil após a invasão. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa

Faz 10 dias que estados de todo o país enfrentam dificuldades para informar o total de novos contaminados e mortos em decorrência do coronavírus. O represamento de informações acaba diminuindo os números da pandemia de maneira superficial, com indicadores apresentando médias de mortes muito mais baixas do que a realidade.

Outra informação que não está mais acessível ao público diz respeito ao vírus da influenza, que vem causando um surto em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Bahia.

GRIPE

A falta de dados ainda afeta diretamente o InfoGripe, sistema de monitoramento de dados sobre síndrome respiratória aguda grave no Brasil, mantido pela Fiocruz. Em nota divulgada recentemente, a instituição afirmou que, após o ataque recente ao sistema do Ministério da Saúde, não é possível acompanhar os resultados laboratoriais sobre o vírus relativos a novembro nem registros de meses anteriores.

Segundo a instituição, o monitoramento é essencial para auxiliar “as ações dos agentes de saúde nas secretarias municipais, estaduais e no Ministério da Saúde” e para “manter a população informada sobre o cenário epidemiológico atual”.

“Estar envolvido na vigilância sobre a doença por tantos anos, ser responsável pela produção de informações que baseiam decisões públicas e não ter mais o acesso a esses dados é angustiante”, explica Marcelo Gomes, pesquisador em Saúde Pública do Programa de Computação Científica da Fiocruz e coordenador do InfoGripe.

Segundo o especialista, o impacto da falta de informações é imensurável. “Cada semana que não temos acesso às informações são mais vidas perdidas por não podermos monitorar a situação epidemiológica do país”, diz Gomes. “É frustrante.”

Na manhã desta segunda-feira (20), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga deu um novo prazo para a volta da plataforma e disse que o retorno acontecerá até quarta-feira (22).

A pasta ainda não divulgou nova data para restabelecer o sistema, mas comunicou, nesta segunda-feira (20), que finalizou o processo de recuperação dos registros dos brasileiros vacinados contra a Covid-19. De acordo com a Saúde, todos os dados foram recuperados com sucesso.

“O Ministério da Saúde informa que está trabalhando, sem medir esforços, para restabelecer o mais rápido possível os sistemas para registo e emissão dos certificados de vacinação”, afirmou.

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