Segundo os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o número de ocorrências de interrupções de energia cresceu 28% desde que a Enel assumiu a operação em São Paulo.
A concessionária Enel é responsável pelo fornecimento de energia da capital paulista e de outros 24 municípios da Região Metropolitana.
Em todo o ano de 2023, foram registradas 284.706 ocorrências emergenciais por falta de luz. Em 2019, o número de reclamações do mesmo tipo foi de 223.024. A distribuidora comprou a maior parte das ações legais da Eletropaulo, responsável pela gestão anterior, em junho de 2018.
Além do aumento no número de interrupções de energia elétrica, o tempo médio de preparação das equipes para atendimento de emergências cresceu 60% no mesmo período.
Em 2019, a média era de 7 horas para o atendimento a emergências de acordo com dados da Aneel. Em 2023, passou para cerca de 11 horas. Neste ano, considerando apenas os meses de janeiro e fevereiro, o tempo médio de espera já ultrapassa 12 horas.
O aumento no número de ocorrências de interrupção de energia elétrica pode estar ligado à falta de manutenção da rede de energia, enquanto o crescimento no tempo médio para atendimentos emergenciais está relacionado com a redução brusca no número de equipes na rua por cortes de custos na empresa.
Desde que assumiu a gestão da energia em São Paulo, a Enel caiu seis posições no Ranking de Continuidade do Fornecimento da Aneel. O ranking é feito com base no Desempenho Geral de Continuidade (DCG) das distribuidoras, um índice elaborado a partir de dois critérios: a duração e a frequência das interrupções de energia elétrica.
O ranking compara as 29 concessionárias de grande porte no país, que são aquelas que atendem mais de 400 mil unidades consumidoras. Em 2019, a Enel SP ocupava a 15ª posição neste ranking. No ano passado, estava na 21ª colocação.
MULTA
A Enel recebeu mais uma multa do Procon-SP, por diversas infrações ao Código de Defesa do Consumidor. O valor é de R$ 12,9 milhões. Segundo o Procon-SP, dentre as infrações, a mais “impactante” foi a falta de fornecimento de energia para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, localizada na região central da cidade, tanto pela rede normal quanto por geradores, que demoraram muito para serem acionados.
Outras falhas que justificam a multa foram as interrupções na região da rua 25 de Março e em endereços nos bairros de Higienópolis e Santa Cecília, além de cobranças indevidas, problemas no serviço de atendimento ao cliente e falta de respostas a uma notificação anteriormente enviada à empresa, conforme explica o Procon-SP.
Esta é a segunda vez que o órgão multa a Enel pela interrupção de energia em um curto período. No final do ano passado, foi aplicada uma multa de R$ 12,7 milhões à companhia, pela falta prolongada do serviço.
Também multada pela Aneel em R$ 165,8 milhões após o apagão que deixou boa parte da cidade de São Paulo no escuro no ano passado por uma semana, a Enel ainda não quitou a dívida com a agência. A multa foi aplicada no início de fevereiro deste ano e tinha dez dias para ser paga ou contestada pela companhia, segundo a Aneel.
Passado mais de um mês do fim do prazo, a concessionária de energia ainda não liquidou a dívida e, de acordo com a agência, há um recurso administrativo interposto pela concessionária em fase de análise.
NOVO APAGÃO
Ruas no Centro de São Paulo voltaram a registrar apagão de energia elétrica nesta sexta-feira (5). Estabelecimentos no entorno do Mercado Municipal, o Mercadão, amanheceram sem luz. De acordo com a Enel, empresa responsável pelo serviço de fornecimento na cidade, o problema teria sido causado a partir de um furto de cabos na rede subterrânea que abastece a região.
“O furto impossibilitou que fossem realizadas manobras automáticas na rede após a falha em um equipamento, causando a interrupção no fornecimento de energia”, disse a empresa em nota.
Em março, bairros da região central ficaram por dias sem energia elétrica em função de um problema na rede subterrânea da Enel.
A empresa afirmou estar trabalhando para restabelecer o fornecimento no “menor prazo possível”. Geradores foram disponibilizados em caso de necessidade para comerciantes que atuam nas ruas atingidas.