A Justiça do Rio de Janeiro descobriu outros dois apartamentos de Adriana Ancelmo, esposa do ex-governador e chefe da quadrilha que assaltou o Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB). Os apartamentos localizados em Ipanema, área nobre do Rio de Janeiro, são avaliados em R$ 6 milhões e foram descobertos um ano e meio depois de Justiça mandar bloquear todos os bens da ex-primeira dama fluminense.
Os imóveis estão em boas condições, com poucos sinais de uso, entretanto, um deles tem dívidas de R$ 60.500 com o condomínio e de quase R$ 9 mil de IPTU. Os apartamentos da ex-primeira dama só foram descobertos porque o condomínio enviou ofício à Justiça relatando que os apartamentos estão abandonados, acumulando dívidas que já chegam R$ 100 mil.
Os documentos no cartório apresentam como proprietário a construtora Cyrela, responsável pela construção do edifício Wave Ipanema, concluído em 2014. Contudo, por causa da dívida de R$ 100 mil – em que Adriana Ancelmo é apontada como real proprietária – a Justiça conseguiu encontrar os imóveis.
A ex-primeira-dama do Rio teria adquirido os apartamentos em 2012 e 2014, antes mesmo da conclusão da obra. Ela chegou a declarar os imóveis no Imposto de Renda, pois as transações com a empreiteira foram oficializadas, apesar de as escrituras públicas nunca terem sido comunicadas ao registro de imóveis.
Adriana Ancelmo foi presa em janeiro de 2017 em desdobramento da Operação Calicute – um dos braços da Lava Jato no Rio de Janeiro, que também prendeu seu marido, Sérgio Cabral, no fim de 2016. A advogada foi condenada em quatro ações penais pelo juiz federal Marcelo Bretas, somando pena de 41 anos e cinco meses. Mas, está livre graças ao ministro do STF, Gilmar Mendes.
Os dois apartamentos farão parte do leilão no próximo dia 4 de setembro, em que acontece o primeiro leilão dos bens da família Cabral, que soma dezenas de milhões de reais. O casal ainda tem R$ 18 milhões em dinheiro em contas também bloqueadas. Parte do dinheiro arrecadado será usada para quitar as dívidas com o condomínio.
Pela decisão de Bretas, a venda será feita pelo leiloeiro Renato Guedes, o mesmo que venderá, na próxima terça-feira (4), a mansão de Mangaratiba, avaliada em R$ 8 milhões, e uma lancha, com lance mínimo de R$ 4 milhões, entre outros bens do ex-governador Sérgio Cabral e sua mulher, Adriana, incluindo veículos, totalizando R$ 12,5 milhões.
“Ressalte-se que o objetivo da alienação antecipada é salvaguardar a restituição aos cofres públicos de eventual produto/proveito de crime, de forma que, obviamente, fica resguardado o direito à devolução da quantia em caso de sentença absolutória”, diz Bretas na decisão.