Retaliação de Netanyahu e ataque do Hamas deixam 298 mortos e 2500 feridos. Brasil convoca reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e defende retorno à negociação
O Brasil, que preside o Conselho de Segurança da ONU neste mês de outubro, anunciou no sábado (7) a convocação de uma reunião de emergência do órgão, para discutir a escalada no Oriente Médio. Ataque do Hamas e retaliação do regime Netanyahu deixam 298 mortos e 2500 feridos.
A operação do Hamas desde Gaza, com o lançamento de 5 mil foguetes e ações por terra, na operação “Tormenta de Al Quds”, causou 100 mortos e 900 feridos. E o bombardeio de Gaza por Israel com dezenas de aviões de guerra israelenses matou pelo menos 198 palestinos e feriu mais de 1600. O ataque surpresa ocorre nos 50 anos da Guerra do Yom Kippur.
A Rússia fez um apelo a “cessar-fogo e paz imediatos”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov. Ele reiterou que os acontecimentos em Israel são uma “recaída do conflito que está em curso há 75 anos”. O processo de paz entre os dois lados deve recomeçar “imediatamente” com base nos tratados internacionais existentes, disse Bogdanov. “Não houve negociações e este é o resultado”, acrescentou. Moscou revelou estar em contato com Israel e com paises árabes.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse no sábado que o povo palestino tem o direito de se defender contra as “violações israelenses”, registrou a agencia de noticias chinesa Xinhua. A declaração foi feita durante reunião de emergência da liderança palestina em Ramallah.
A Turquia conclamou as partes a “agirem com moderação, à luz dos acontecimentos em Israel nesta manhã”. “Pede para os atores se manterem longe de medidas impulsivas que irão aumentar a tensão”, segundo o próprio presidente Recep Erdogan.
O Egito anunciou que está em comunicação “intensa” com seus pares e autoridades internacionais para “interromper a escalada em curso”, conforme comunicado do ministro das Relações Exteriores, Sameh Shoukry.
A Arábia Saudita disse que está acompanhando de perto a situação “sem precedentes” e apelou “a ambos os lados para parar imediatamente a escalada”. O Ministério das Relações Exteriores saudita disse num comunicado que repete “alertas anteriores sobre os perigos de a situação explodir, como resultado da ocupação contínua e da privação do povo palestino dos seus direitos legítimos”.
Por sua vez, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi postou no X (antigo Twitter) mensagem em que afirma que o povo da Índia se solidariza com Israel “neste momento difícil”.
Estados Unidos e União Europeia correram a declarar seu “repúdio ao terrorismo” e apoio a Israel, sem fazerem qualquer contraponto à recusa de Israel de cumprir a resolução 242 da ONU que exige a retirada dos territórios ocupados em 1967 e as resoluções que rechaçam o roubo de terra palestina pelos “colonos” supremacistas, ou ao apartheid cometido contra a população palestina na Cisjordânia invadida. Em seu comunicado, a Casa Branca disse condenar o que descreveu como “ataques não provocados por terroristas do Hamas contra civis israelenses”.
“NO 30º ANIVERSÁRIO DOS ACORDOS DE PAZ DE OSLO”
Em nota, o Brasil condenou a escalada, instou todas as partes envolvidas a exercerem máxima contenção e reiterou seu compromisso com a solução de dois Estados, onde Palestina e Israel possam conviver em paz, em fronteiras acordadas e internacionalmente reconhecidas.
“O Brasil lamenta que em 2023, ano do 30º aniversário dos Acordos de Paz de Oslo, se observe deterioração grave e crescente da situação securitária entre Israel e Palestina”, observa a nota, que também pede “urgência na busca pela resolução da questão israelo-palestina” e expressa solidariedade as famílias das vítimas.
De acordo com relatos da mídia israelense, os combatentes do Hamas capturaram uma delegacia de polícia em Sderot. Vídeos postados nas redes sociais mostram soldados e colonos mortos ou capturados. Há também imagens e fotos do que parece ser um tanque israelense em chamas e palestinos comemorando a apreensão de um veículo militar Humvee fabricado nos EUA. A milícia do Hamas teria tomado sete assentamentos, entre esses, Beeri e Netiv HaAsara.
O Centro Médico Soroka, na cidade de Beersheba, no sul de Israel, disse que estava tratando pelo menos 280 vítimas, das quais 60 em estado grave. O Hospital Barzilai em Ashkelon, perto de Gaza, disse estar tratando 182 feridos, incluindo 12 em estado crítico.
O comandante militar do Hamas, Mohammad Deif, disse em um comunicado que o ataque de sábado foi uma retaliação pela “profanação” da mesquita Al-Aqsa em Jerusalém por Israel – o terceiro local mais sagrado do Islã, que é controlado pelas forças de ocupação israelenses. Ele também culpou Israel por matar e ferir centenas de palestinos só neste ano.
O regime Netanyahu indubitavelmente tentará usar o ataque do Hamas de pretexto para buscar ‘soldar’ a muito dividida sociedade israelense, que há meses luta contra seu intuito de submeter o poder judiciário. Ele, para fugir da condenação por corrupção; seus aliados, para institucionalizarem de vez o apartheid em Israel e o roubo de terras cometido pelos “colonos” à revelia da lei internacional.