Sobre inflação e aumento da gasolina, ele não disse uma palavra. Enquanto o país afunda ele só se diverte
Na mesma semana em que o país chora o trágico assassinato do indigenista Bruno Pereira, defensor dos indígenas e do meio ambiente, e do jornalista Dom Phillips, que escrevia um livro sobre a devastação da Amazônia patrocinada pela política do governo, Bolsonaro comemora e faz festa em mais uma de suas motociatas, realizada no sábado (18), desta vez em Manaus.
Às gargalhadas e sem capacete, Bolsonaro parece comemorar o ocorrido. Ele chegou a insinuar, durante as buscas, que os dois mártires foram culpados pela tragédia. Segundo ele, eram “malvistos” na “comunidade” e tinham decidido participar de uma “aventura perigosa”. Bruno realmente era “malvisto”, não pela comunidade ou pelos índios, mas sim pelos bandidos, quadrilheiros milicianos, desmatadores e grileiros de terras.
Desde que assumiu o governo, Bolsonaro já havia atendido toda essa gente – que não gostava de Bruno – desmontando os órgãos de fiscalização da Amazônia. Mas Bruno seguiu incomodando pois insistia em fiscalizar e punir os criminosos da região.
O diretor feral da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Augusto Xavier, indicado por Bolsonaro, também jogou sujo, afirmando que os dois teriam entrado irregularmente em terras indígenas. A afirmação foi desmentida prontamente pelos índios e por documentos oficiais da própria Funai.
Mesmo tendo autorização para fiscalizar as aldeias, Bruno não estava em terras indígenas quando foi assassinado. Dom em nenhum momento entrou nelas. Funcionários do órgão entraram em greve e pediram a saída do diretor geral pela farsa montada visando incriminar as comunidades indígenas pelo crime. Uma clara tentativa de acobertar os assassinos.
Em seu discurso, Bolsonaro fez a única coisa que sabe fazer: mentiu e atacou os defensores do meio ambiente, os parlamentares da oposição e, mais uma vez, tentou se esquivar da responsabilidade pelos preços extorsivos da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha. Nem uma palavra sobre a morte de Dom e Bruno. Ele ignorou o assunto que provocou uma comoção no mundo inteiro.
Bolsonaro não só ignorou o crime hediondo, como parecia comemorar, de tanto que ria e se divertia. Bruno não era bem visto por Bolsonaro. Ele tinha sido exonerado do cargo na Funai exatamente por combater o garimpo ilegal, base das milícias que apoiam Bolsonaro na região.
Depois de tomar medidas fiscais que prejudicaram a economia da Zona Franca de Manaus e agravaram o desemprego na região, Bolsonaro falou de uma suposta alta na montagem de motos na cidade. “Estimulamos o uso desse meio e a Zona Franca que é de 1967, época de Castello Branco, o primeiro presidente militar”, disse, sem comentar o fim dos benefícios à produção local, decidido recentemente por seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que gerou protestos dos amazonenses.
Desde fevereiro, Bolsonaro assinou quatro decretos reduzindo incentivos fiscais para a produção industrial no Brasil, inclusive a instalada em Manaus, cuja garantia do modelo de incentivo está prevista por meio de Emenda Constitucional até 2073. A alta de 37,8% na fabricação de motos em 2022 em relação a 2021 nada mais é do que a outra face da grave crise que acomete a economia. Sem recursos para adquirir automóveis, as pessoas estão comprando mais motos. Não há, portanto, nada a comemorar.
Ao final do discurso, onde se esperava uma palavra sobre as morte de Dom e Bruno, sobre a inflação, a alta nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, Bolsonaro desconversou. Continuou tentando enganar a população. Ele, o mesmo que, esta semana, blasfemou dizendo que se pudesse entregaria armas para Jesus Cristo, fez mais demagogia tentando manipular a religiosidade dom povo.
Também, depois de entregar a Eletrobrás para grupos estrangeiros, o fariseu agradeceu cinicamente à população do estado por acreditarem na pátria. Se há uma coisa que Bolsonaro não tem, é crença na pátria e nem no povo brasileiro. Por isso entrega tudo para os estrangeiros. Fala em valor da família, mas defende chacinas quase diárias contra os pobres que estão estas sim, junto com o desemprego, destruindo as famílias brasileiras.
“A família é célula da sociedade; uma família perfeita, ajustada é mais do que lucrativa para o Estado, ela é a certeza que o estado será sempre soberano e livre”, diz o demagogo. Deve ser por isso que ele defende tanto a sua família, inclusive acobertando de todas as formas possíveis as falcatruas e as rachadinhas comandadas pelos filhos. Dever ser por isso também que o Queiroz depositou 24 cheques no valor de R$ 41 mil na conta da primeira-dama. Tudo pela família.