Pelo acordo, firmado na cidade de Istambul, com a participação da Turquia e da ONU, a Ucrânia retirará os explosivos que impedem a saída de navios com grãos para exportação e a Rússia garantirá corredores humanitários para a navegação pelo Mar Negro
Rússia, Ucrânia, Turquia e a Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram na cidade turca de Istambul, na sexta-feira (22), um acordo para desbloquear portos ucranianos permitindo exportações de grãos do Mar Negro.
O ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, revelou que a segurança nas águas territoriais na Ucrânia, inclusive as medidas de desminagem, deve ser assegurada por Kiev, uma vez que foram forças ucranianas que despejaram tais explosivos nas águas dos portos da Ucrânia.
Shoigu especificou que a Rússia firmou dois documentos destinados à resolução dos problemas de entregas de alimentos e fertilizantes para mercados globais. E ambos representam um pacote único, ressaltou.
Segundo suas explicações, o primeiro documento, o memorando, prevê a participação da ONU no levantamento de várias restrições à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos para mercados globais. O segundo determina o algoritmo da retirada desses produtos desde os portos ucranianos no mar Negro, detalhou Shoigu.
“A base do último são o conjunto de instruções proposto pela Federação da Rússia, que prevê inclusive um corredor marítimo humanitário através do qual os navios comerciais poderão seguir de modo seguro para os portos no mar Negro controlados pela Ucrânia e de volta”, assinalou o ministro.
As inspeções dos navios para detectar a presença de armas, no âmbito do acordo, serão efetuadas tanto na entrada como na saída do mar Negro, segundo o ministro russo.
O documento foi rubricado pelo ministro da Infraestrutura da Ucrânia, Alexander Kubrakov, pelo ministro de Defesa russo, Sergey Shoigu, pelo ministro de Defesa da Turquia, Hulusi Akar e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan também participou do fechamento do histórico evento.
Guterres garantiu que o acordo entre Rússia e Ucrânia para permitir a exportação de cereais ucranianos, assinado por essas nações separadamente, é “um grande alívio para o mundo”, especialmente para os países em desenvolvimento.
Os lados russo e ucraniano acordaram em garantir passagem segura das embarcações que carregam os grãos no mar Negro e se absterem de ataques contra elas, relatou um alto representante da ONU.
“Ambas as partes […] acordaram que não deve haver ataques a qualquer um dos navios que viajem desses portos para fora das águas territoriais para o mar Negro e fora dele por qualquer uma das partes. Então haverá uma passagem segura”, constatou.
Conforme disse o presidente turco, Recep Erdogan, o documento assinado “se tornará um marco importante, inspirador de esperança para a paz e uma resolução mais rápida do conflito”.
O controle sobre o cumprimento do acordo será efetuado a partir de um centro de coordenação conjunto em Istambul.
“O processo de transporte de bens alimentares, que começará o mais breve possível através do mar Negro, se tornará uma lufada de ar fresco para muitos países no mundo […] Nós nos orgulhamos de que demos uma contribuição importante para uma iniciativa que desempenhará um papel importante na resolução da crise alimentícia global que já há muito tempo envolveu o mundo inteiro”, afirmou.
“Independentemente de qualquer situação no campo de batalha, o conflito terminará na mesa de negociações”, acrescentou Erdogan durante a cerimônia de assinatura.
A movimentação de navios de e para os portos ucranianos deve começar em duas semanas. Este acordo terá validade de 120 dias, podendo ser prorrogado.
Além disso, Shoigu e Guterres assinaram um memorando de cooperação entre a Rússia e a ONU para facilitar o fornecimento de produtos agrícolas e fertilizantes russos aos mercados globais.