Juan Guaidó teve que admitir aquilo que já estava evidente para todo mundo: seu fracasso na tentativa de golpe do 30 de abril. Nem as forças armadas – com as quais dissera contar no alvorecer daquele dia – nem os venezuelanos que conclamou às ruas, corresponderam à bravata com o pomposo nome de “Operação Liberdade”.
Tanto seus apoiadores mais ardorosos na Casa Branca, Trump, Pompeo, Pence e Bolton, quanto os seguidistas de Wahington aqui no Brasil, Bolsonaro e Araújo, reconheceram o fracasso e a frustração das expectativas com as quais começaram aquele dia e que, pelas palavras do golpista, terminaria com Maduro apeado do poder e em um avião russo em direção a Cuba.
A admissão, para não passar por completo idiota ou maluco, foi feita em entrevista ao Washington Post. Na mesma entrevista recorreu a outra e, mais grave, alternativa: a repetir o bordão deles de que “estamos avaliando todas as hipóteses”, isto é a intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela.
Na entrevista voltou a falar em recorrer à “alternativa” de aprovar o apelo à invasão por votação na Assembleia Nacional a qual preside. Disse que a Assembleia “provavelmente” aprovaria a intervenção dos EUA “caso fosse necessária”.
Acontece que, mesmo com a baixíssima popularidade de Maduro, cujo desgoverno não consegue tirar o país do fundo do poço, muitos venezuelanos saíram às ruas no 1º de Maio, dirigindo-se à sede do governo, o Palácio Miraflores, para repudiar o golpismo de Guaidó.
Atestando sua vocação para fantoche dos norte-americanos, quando perguntado pelos entrevistadores do Washington Post como agiria se o assessor de segurança de Trump, John Bolton, ligasse oferecendo apoio militar dos EUA, Guaidó não mediu os salamaleques. Disse que responderia assim: “Querido amigo, embaixador John Bolton, obrigado por toda a ajuda que tem dado à nossa justa causa aqui. Obrigado pela oferta, vamos avaliá-la e provavelmente será considerada no parlamento para resolver esta crise. Se necessário, talvez a aprovemos.”
E acrescentou: “Nós estamos avaliando todas as opções. É bom saber que aliados importantes, como os EUA, estão também analisando todas as opções. Isso nos dá a possibilidade de saber que, se precisarmos de ajuda, a poderemos ter.”
Quanto ao fracasso do dia 30 de abril, admitiu que nada saiu como previra, “talvez porque ainda precisemos de mais soldados, e talvez precisemos de mais funcionários do regime dispostos a apoiar-nos”.
“Reconhecemos nossos erros, o que não fizemos e o que fizemos a mais”, acrescentou sem explicitar quais foram os “erros”, sendo a fantasia o mais provável deles.
Em linha com o governo Trump, Guaidó acrescentou que só vê perspectivas através de um golpe, dizendo que não está disposto a sentar com representantes do governo de seu próprio país.
De dentro da Casa Branca, a medida imediata foi uma tentativa de chantagear os comandantes militares.
Depois de anunciarem sanções aos generais venezuelanos fiéis ao governo de Maduro, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, declarou sem efeito as mesmas restrições com relação ao general Figuera, que se passou para o lado de Guaidó.
Disse nesta terça-feira que a suspensão das sanções de Washington contra o ex-chefe de inteligência venezuelano Christopher Figuera demonstra o “compromisso” dos EUA com os militares que não reconheçam o governo de Nicolás Maduro, no que foi secundado imediatamente por Guaidó: “A decisão do governo dos Estados Unidos de suspender as sanções contra Figuera evidencia o apoio firme de nossos aliados”.
Pence então deu o recado aos demais chefes militares venezuelanos: “Espero que as ações que nossa nação está tomando hoje animem outros a seguir o exemplo do general Christopher Figuera”, isto é, se bandearem ao golpista.