Após 19 dias de ocupação na reitoria da Universidade de Brasília (UnB), estudantes saíram do prédio nesta segunda-feira, 30, cumprindo acordo firmado junto à Administração no último sábado, 29, durante uma rodada de negociações com os organizadores do ato.
A ocupação foi movida por causa da crise orçamentária que a UnB enfrenta, resultado de amplos cortes em seu orçamento. Os trabalhadores técnico-administrativos entraram em greve no dia 24 por tempo indeterminado também pelo mesmo motivo.
A crise acontece devido ao bloqueio de investimentos oriundos da lei do teto de gastos – que congela despesas discricionárias (manutenção e custeio) da União por 20 anos. Segundo a reitoria, faltam R$ 92,3 milhões para fechar as contas da Universidade, que pode suspender as aulas em agosto caso não haja verbas.
Com a crise, a Universidade decidiu por demitir mais de mil estagiários (alunos bolsistas que são funcionários na administração), aumentar o preço das refeições do Restaurante Universitário (RU) e demitir trabalhadores dos serviços terceirizados nas áreas de portaria, vigilância e limpeza.
Segundo o diretor de Informação do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Antônio César Guedes, o momento de parar é agora: “Vamos à luta, defender aquilo que achamos justo. Caso contrário, perdemos o bonde da história e tudo vai continuar da mesma forma”, disse.
Após as negociações, segundo a comunicação da ocupação da UnB, as principais pautas dos estudantes foram atendidas; como a garantia das bolsas estudantis, a não apresentação da proposta de aumento das refeições do RU, além da continuidade dos estagiários.
Na semana passada, os estudantes organizaram uma manifestação em frente ao Ministério da Educação (MEC), e foram dispersos pela cavalaria da Polícia Militar, que usou bombas de fumaça, gás de pimenta e deram tiros com balas de borracha enquanto avançavam em direção dos alunos. A Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) repudiou “o emprego de violência diante de manifestações pacíficas e reitera o compromisso com o diálogo constante na busca da superação da presente situação da UnB”.