Famílias recorrem ao fogão a lenha ou carvão para substituir o gás. “Um retrocesso em 200 anos”, diz especialista
Após o aumento do Gás Liquefeito de Petróleo – o conhecido gás de cozinha – autorizado por Bolsonaro a partir do ultimo sábado (9) nas refinarias da Petrobrás, o botijão de 13 quilos já está mais caro para as famílias brasileiras, segundo levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na semana de 3 a 9 de outubro. Apenas neste ano, a Petrobrás já reajustou o preço do GLP em 47,53%. Desde o início de 2020, a alta acumulada é de 81,5%.
De acordo com a ANP, o preço do botijão passou de R$ 98,47 para R$ 98,67, em média, e chegou a R$ 135 no município de Sinop no Mato Grosso.
Os aumentos de 7,2% em ambos os produtos, gasolina e gás de cozinha – pelo governo ocorreram no mesmo dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a inflação oficial de setembro (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA), a maior inflação desde o plano Real, puxada exatamente pelos combustíveis. E junto com a disparada no preço dos combustíveis e do gás de cozinha também continuam subindo os preços da conta de luz, da comida, entre outros tantos produtos de extrema necessidade, em meio à queda na renda e desemprego em alta.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base no IPCA, a alta do gás de cozinha foi um dos principais fatores para que os mais pobres sintam mais o peso da inflação, que é 32% maior do que a dos mais ricos.
Em 2020, com a disparada do GLP o preço do botijão de gás, em plena pandemia, o gás disparou, assim como o uso de fogão a lenha também cresceu. O uso de pedaços de madeira no país aumentou 1,8% frente a 2019, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“O avanço da lenha no Brasil representa um retrocesso em 200 anos”, afirma Rodrigo Leão, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).