Bolsonaro mostrou todo o seu desprezo pelo povo brasileiro. Disseminou fake news insinuando que todos os moradores do Alemão eram bandidos. Isso depois de ofender os nordestinos e mandar cães raivosos agredirem padres em Aparecida
Depois de ofender os nordestinos, chamando-os de analfabetos, e de desrespeitar os fiéis católicos no Círio de Nazaré, em Belém do Pará, e os padres e romeiros de todo o país que foram à Aparecida do Norte, no Dia da Padroeira do Brasil, Jair Bolsonaro partiu para agressões e ofensas aos moradores de comunidades pobres do Rio de Janeiro.
Insinuou que os moradores da Comunidade do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na Zona Norte do Rio, são bandidos. Fez isso ao disseminar a fake news de que as iniciais no boné usado pelo ex-presidente Lula, em sua visita à esta comunidade, era alusiva ao crime organizado. Prontamente, Bolsonaro foi desmentido.
As letras “CPX” no boné de Lula significam “Complexo”. Elas são um símbolo da comunidade e o que ficou claro com essa insinuação absurda foi o desprezo que Bolsonaro tem pelo povo pobre do Rio de Janeiro. Para ele, todos os moradores da comunidade do Complexo do Alemão são bandidos. O povo trabalhador do Rio deu o troco mostrando o seu grande apreço por Lula durante sua visita à comunidade.
O ex-presidente foi recebido com carinho por milhares de pessoas, tanto no Complexo do Alemão, quanto em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Mães emocionaram a multidão que percorria as ruas com Lula ao mostrarem das janelas de suas casas camisetas de seus filhos com os dizeres “UFRJ” e “Engenharia”, em agradecimento ao ex-presidente por seu empenho na criação de vagas para pobres em universidades públicas.
O que Bolsonaro fez com a insinuação foi simplesmente projetar sobre as comunidades pobres do Rio o que ele é e o que ele faz. As ligações com o crime organizado e com as milícias são, na verdade, uma especialidade dele e de seu entorno.
Bolsonaro é cria do submundo do crime. Se não, vejamos. Fabrício Queiroz, o faz-tudo da família e operador da rachadinha do gabinete de Flávio Bolsonaro. Quem é ele? Miliciano e ex-policial que atuava da região de Rio das Pedras, área dominada por uma das milícias mais perigosas do Rio. Queiroz e Jair Bolsonaro eram íntimos e ligados ao pistoleiro Adriano Nóbrega, assassino de aluguel que, de segurança de bicheiros, passou a chefiar a milícia de Rio das Pedras.
Nóbrega assumiu a milícia da região depois de matar o chefe anterior. Ele também era ex-policial e “colega” de Queiroz. O assassino profissional tornou-se unha e carne com a família Bolsonaro. Ele empregou sua mãe e sua ex-mulher no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio.
A mãe do pistoleiro era funcionária fantasma e repassava parte dos salários para a milícia e a outra parte para Flávio. A ex-mulher do miliciano ficava com metade e repassava a outra metade para o esquema da rachadinha. Queiroz recolhia e distribuía o dinheiro. Chegou a repassar só para Michelle Bolsonaro R$ 89 mil, através de 49 cheques. Esses cheques até hoje não foram explicados.
Adriano não era só chefe de milícia. Ele comandava o “Escritório do Crime”, uma espécie de central de assassinatos por encomenda que era usado por todas as milícias do Rio. O escritório tinha como um de seus membros, o pistoleiro Roni Lessa, assassino da vereadora Marielle Franco. Quando esteve preso pelo assassinato de um flanelinha que denunciou a extorsão da milícia, Adriano foi defendido enfaticamente por Flávio Bolsonaro e por seu pai, que na época era deputado federal.
Além de visitá-lo na cadeia, Jair Bolsonaro fez discurso da tribuna da Câmara em defesa do assassino. Já Flávio, entregou a ele a Medalha Tiradentes, a maior honraria do Estado do Rio de Janeiro. Disse que a homenagem foi “por seus honrosos serviços prestados ao Estado do Rio”.
Como disse Ciro Gomes, candidato a presidente pelo PDT, Bolsonaro já era bandido desde que entrou para a política. Fazia falcatruas com rachadinhas, roubava no “vale gasolina” e no “auxílio moradia”. “Meu gabinete era ao lado do dele. Todos nós sabíamos que ele roubava na gasolina e tinha esquema de rachadinha no gabinete”, contou Ciro, durante a campanha.
Só que, depois que ele virou presidente, o volume do roubo cresceu exponencialmente. Primeiro, com vacinas superfaturadas, depois com pastores pedindo propina em barra de ouro no MEC e, finalmente, com o orçamento secreto.
Com a criação do orçamento secreto, a roubalheira da família Bolsonaro mudou de patamar. Este é, segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o maior esquema de desvio do dinheiro público já criado desde o escândalo dos “anões do orçamento”. São 19 bilhões de reais que estão sendo desviados sem o menor controle da sociedade, apontou o parlamentar. A senadora Simone Tebet (MDB), recentemente, afirmou que é “o maior escândalo de roubo do dinheiro público do planeta terra”.
Ou seja, quem está ligado ao crime organizado e à roubalheira é Jair Bolsonaro e sua família, não o povo do Alemão. É este tipo de bandido que agride o povo simples do Rio.
Não por outro motivo a família Bolsonaro, que não tinha posses até o Jair entrar na política, adquiriu 107 imóveis, sendo 51 deles em dinheiro vivo. Flávio Bolsonaro, por exemplo, com salário de senador, comprou uma mansão de seis milhões de reais em área nobre de Brasília. Curiosamente, o valor pago pela mansão é o mesmo que o Ministério Público do Rio afirma que ele roubou da Assembleia Legislativa do Rio no esquema da rachadinha.
Em resumo, de dentro de uma verdadeira quadrilha, Bolsonaro ofende a população que mora no Complexo do Alemão, insinuando que todos que residem nesta comunidade são bandidos. Mas é ele que impõe 100 anos de sigilo para as seus crimes e suas falcatruas. Não quer que ninguém saiba quem entra e sai do palácio.
É ele que não explica de onde vem todo esse dinheiro para a compra de 107 imóveis, sendo 51 em dinheiro vivo. É ele que esconde quem pagou as mansões de luxo do filho e da ex-mulher em Brasília. Ou seja, os “bandidos” mais perigosos do Rio não estão no Complexo do Alemão, como insinua Bolsonaro. Eles ocuparam foi o Palácio do Planalto.
SÉRGIO CRUZ
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