O tradicional cinema de rua paulistano Cine Belas Artes corre o risco de fechar as portas novamente, agora que a Caixa Econômica Federal, sob a gestão do banqueiro Pedro Guimarães, retirou o patrocínio ao espaço.
Depois de passar a tesoura nos programas de incentivo à Cultura da Petrobrás, o governo de Jair Bolsonaro pretende reavaliar também os apoios do banco público à área. A Caixa vinculava a sua marca ao Belas Artes desde a reabertura do cinema em 2014, quando o espaço passou a se chamar Caixa Belas Artes. De 2011 até conseguir o patrocínio, o cinema fundado em 1967 na Rua da Consolação permaneceu fechado.
Além de manter operante um dos mais tradicionais cinemas de rua da cidade de São Paulo – com uma programação alternativa que não privilegiava as megaproduções comerciais – a parceria de quatro anos foi benéfica ao banco.
André Sturm, gestor do espaço, afirmou em entrevista à Folha de São Paulo que o nome da Caixa teve 1.150 inserções da chamada mídia espontânea (não paga) graças à parceria com o cinema. Isso equivaleria a R$ 6,5 milhões em anúncios publicitários.
Sturm ainda afirma que manter o espaço – cujo aluguel é de quase R$ 2 milhões no ano – sem uma parceria pública ou privada é inviável. O cinema fez um acordo com o proprietário de manter o cinema aberto por mais dois meses e procura um patrocinador para viabilizar a manutenção da sua existência.
A assessoria de imprensa do Belas Artes informou em comunicado que está buscando novos patrocinadores e que “por carinho manterá a política de meia-entrada para correntistas da Caixa de segunda a quarta-feira”. Assim como quando o cinema permaneceu três anos fechado, os gestores esperam que a mobilização de frequentadores possa ajudar a encontrar uma saída contra o fechamento. Na época, diversas manifestações e uma petição que reuniu quase 100 mil assinaturas garantiu a articulação entre a prefeitura, o cinema e a direção da Caixa pela reabertura do Belas Artes.
A Caixa também se pronunciou, afirmando que “com o término da vigência do contrato [em 31 de dezembro de 2018] entre a Caixa e o Cine Belas Artes, foi solicitado ao patrocinador a retirada da marca. A Caixa informa que os contratos de patrocínio do banco estão sob análise e que demandas relativas aos projetos culturais e seus desdobramentos são tratadas diretamente com os proponentes ou patrocinados”. Já a partir desta quinta-feira (28) o espaço volta a se chamar Cine Belas Artes.
PRISCILA CASALE
O empresário brasileiro tem que aprender a conviver com as regras do mercado e parar de mamar nas tetas da Fazenda Pública.
Leia a matéria. Não havia ninguém “mamando nas tetas da Fazenda Pública”. O anúncio era um bom negócio para a Caixa. Além disso, é preciso ser muito curto de ideias para achar que patrocínio cultural, isto é, o patrocínio da cultura no país, deve ser arrasado em nome de supostas – e falsas – “regras de mercado”. Isso é apenas a defesa hipócrita e vigarista do domínio, sobre o Brasil, dos monopólios norte-americanos da indústria do entretenimento.