Bolsonaro fracassou ao tentar impor ao PL que votasse contra a reforma tributária em votação na Câmara na semana passada.
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC 45/2019) da reforma foi aprovada por 382 votos contra 118 em votação de primeiro turno e 375 votos contra 113 no segundo turno. São necessários 308 votos para aprovar uma PEC na Câmara.
Pior ainda, quase rachou seu partido, pois 20 deputados – dos 99 da atual bancada – se recusaram a seguir sua orientação e votaram a favor da PEC.
A atuação atabalhoada de Bolsonaro ainda rendeu discussões acirradas entre os parlamentares da sigla num grupo de WhatsApp onde não faltaram ofensas, como “melancias traidores” e acusações de perseguição dentro do partido contra quem decidiu votar pela PEC.
A insatisfação dentro do PL gerada pela interferência de Bolsonaro, que até ficou contra seu aliado, o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), está fazendo com que outras legendas busquem parlamentares que estão descontentes e que podem deixar o partido do ex-presidente.
Segundo relatos de parlamentares feitos ao jornal Folha de S.Paulo, o movimento de discussão com deputados descontentes do PL se intensificou nos últimos dias. São citadas legendas como Republicanos, MDB, PP, Patriota e Solidariedade.
Um parlamentar afirmou ao jornal, sob anonimato, que está em conversas avançadas com cinco congressistas do PL. Nas palavras dele, o PL é uma “bomba-relógio” preparada para explodir, seja em votações futuras na Casa que dividam a bancada ou nas discussões sobre as eleições municipais em 2024.
Essa situação do PL remete ao que aconteceu com o antigo PSL. Após Bolsonaro inflar o partido em 2018, ele criou uma crise contra a cúpula da sigla e o abandonou após ser eleito presidente, levando com ele vários de seus aliados.
O PSL passou a se chamar União Brasil depois de se fundir ao DEM.
Bolsonaro tentou depois criar um partido só seu, a Aliança pelo Brasil, mas o projeto terminou em fracasso e ele entrou no PL.