Por um valor “simbólico” de R$ 45,5 mil, a Equatorial Energia arrematou a primeira distribuidora do plano de privatização do setor elétrico estatal do governo Temer, que leiloou, no último dia 26, a Companhia Energética do Piauí (Cepisa).
A Equatorial Energia, que já controla outras distribuidoras como a Cemar no Maranhão e a Celpa, no Pará, é um conglomerado de empresas estrangeiras, como a BlackRock, uma arapuca americana especializada em especular títulos e ações, o Banco Opportunity, muito conhecido aqui no Brasil, inclusive pela Polícia Federal, e a Squadra Investimentos, uma outra arapuca de jogadores do mercado, com sede no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, além dos acionistas minoritários. São estes “especialistas” que vão tomar conta da distribuição de energia.
A companhia levou a Cepisa de graça, apenas com o “compromisso” futuro de oferecer um deságio em relação ao preço da energia e de realizar investimentos de R$ 720 milhões na companhia a perder de vista. Além disso, quando já estiver lucrando as bufas em cima dos consumidores, pagará um valor de outorga de 95 milhões à União.
Em artigo publicado em seu portal, o Instituto Ilumina fez um histórico da Companhia, e um alerta: “Esqueçam a polarização estatal x privado. Examinem o caso da CEPISA e vejam se, contando a história desde o início, a sociedade brasileira está realmente lucrando com essa maneira estranha de privatizar”.
Segue abaixo o artigo na íntegra:
“Leiam sobre a história dessa distribuidora de energia de um estado pobre do nordeste. Vejam se é razoável e honesto classificar a Eletrobras como ineficiente como tem sido as declarações do Dr. Wilson Ferreira, justamente o presidente da Eletrobras.
Vejam os investimentos feitos depois de 1997, quando, resultado de um plano de privatização mal feito, a empresa cai nas costas da Eletrobras. Que empresa privada suportaria os desafios?
Reparem que o compromisso era privatizar, mas o poder político (não a Eletrobras) descumpriu o prometido. Mesmo assim, justamente por ter lucratividade nas suas outras atividades, a Eletrobras continuou investindo pesadamente na CEPISA. De 2010 até 2017 o total atingiu R$ 2,3 bilhões. Foram “apenas” 29.000 km de linhas e 11 subestações acrescidas no período.
Todos os dados oriundos do “informe aos investidores” na página da Eletrobras e corrigidos pelo IPCA!
Infelizmente, por adotar o caminho fácil de não enfrentar os erros e os ganhos de grupos poderosos, a MP 579 resolveu baixar tarifas às custas da Eletrobras.
A Eletrobrás não consegue ser, ao mesmo tempo, o Luz para Todos, o quebra galho de privatização errada, a parceira minoritária amiga, a que dá bolsa MW no mercado livre e a que reduz tarifa sozinha.
Deu no que deu! Infelizmente a mídia nunca conta a história toda”.
HISTÓRICO DA CEPISA
1914 – De 1914 a década de 1960, o Piauí dispõe apenas de núcleos precários e isolados de geração e de distribuição de energia por meio de usinas termelétricas a lenha ou a óleo diesel, com fornecimento para zonas urbanas durante poucas horas da noite. Na capital, Teresina, o suprimento é feito pelo Instituto de Águas e Energia Elétrica – IAEE e, no interior do estado, é de responsabilidade das Prefeituras Municipais.
1962 – A Cepisa é constituída, em 8 de agosto de 1962, como Sociedade Anônima e razão social de Centrais Elétricas do Piauí S.A.
No final da década de 60, inicia-se a construção, em padrões técnicos, de um sistema integrado de produção, transmissão e distribuição de energia, possibilitando o surgimento de uma mentalidade empresarial para os serviços elétricos. Em 1969, a Cepisa tem apenas 13.805 consumidores.
1970 – Entra em operação a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, construída pela COHEBE – Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança, e o Estado começa a dispor de energia suficiente para possibilitar a implantação de atividades econômicas de grande consumo de energia. No mesmo ano, a Cepisa incorpora os acervos da Companhia de Eletrificação do Nordeste – CERNE e da Companhia Luz e Força da Parnaíba – CLFP e passa a ser a única concessionária de distribuição de energia elétrica no Piauí.
De 1973 a 1978, a Cepisa desenvolve um Plano de Eletrificação para o Piauí, interligando o sistema com a energia hidrelétrica de Boa Esperança. No final de 1978, ano da conclusão da rede básica de distribuição, a Cepisa conta com 93.457 consumidores.
1982 – São construídas as duas grandes subestações de 69/13.8 kV – 40 MVA, nos bairros Jockey e Marquês, em Teresina, interligados à subestação da Chesf. Até então, são as maiores obras da Cepisa em porte físico e volume de recursos.
1987 – Lei Estadual nº 4.126 altera a razão social da Cepisa para Companhia Energética do Piauí e amplia o seu campo de ação.
1995 – Construção da primeira linha de transmissão da Cepisa em 138 kV com 141 km de extensão – Piripiri/Tabuleiros.
1996 – Construídas a subestação Macaúba 69/13.8 kV e 50 MVA, a terceira em Teresina, a linha de transmissão em 69 kV entre Picos/Itapissuma e a subestação Junco, em Picos.
1997 – Eletrobrás assume controle acionário da Cepisa.
Iniciado o processo de alienação das ações de propriedade do Estado que integravam o capital social da Cepisa.
Numa primeira fase, a Eletrobrás amplia sua participação acionária na empresa para 48,86% das ações ordinárias e assume, em 13 de janeiro de 1997, a gestão da Cepisa de forma compartilhada com o Governo do Estado. Em 20 de outubro do mesmo ano, a Eletrobrás adquire o controle acionário da Cepisa de 98,8% e assume o compromisso de preparar a empresa para a privatização.
2000 – Entra em operação a Subestação Tabuleiros Litorâneos em Parnaíba – a primeira em 138/69 KV com 120 MVA de potência. É energizada a linha de transmissão em 138KV – Piripiri /Tabuleiros.
2005 – Energizado o sistema Satélite, em 69 kV, que inclui Linhas de Transmissão com 10 km e a subestação 69/13.8 kV – 25 MVA. A potência desta subestação foi ampliada para 45 MVA em 2007.
2006 – Executado extenso programa de obras de reforço do sistema de transmissão, incluindo a construção e reforma de subestações, linhas de transmissão em 69 kV para ampliar a oferta de energia em todo o Estado e facilitar a execução do Programa Luz Para Todos. 2007 – Energizada a linha de transmissão, em 69,0 kV, Elizeu Martins/Bom Jesus, com 140 km, proporcionando o aumento da oferta de energia no eixo Bom Jesus a Corrente.
2008 – A Eletrobrás cria a Diretoria de Distribuição, cujo diretor assume concomitantemente a presidência das seis empresas distribuidoras sob seu controle, dentre as quais a Cepisa, e inicia uma gestão centralizada em junho de 2008.
2009 – Lançado o Plano de Melhoria de Desempenho das Empresas de Distribuição da Eletrobrás para o biênio 2009/2010. Em agosto, é energizada a linha de transmissão 69,0 kV e 82,5 km de extensão, entre Campo Maior e Piripiri.
2010 – Em março de 2010, a empresa ganha nova marca e passa a ser apresentada como Eletrobras Distribuição Piauí (agora sem acento). É lançado o Código de Ética Único das Empresas Eletrobras inspirado nas diretrizes contidas no Plano Estratégico 2010-2020.
2011 – Chega a milhão o número de consumidores cadastrados na Eletrobras Distribuição Piauí. O Programa Luz para Todos é prorrogado até 2014 e são inauguradas as subestações Simões, Santo Antônio de Lisboa, Regeneração, Ribeira do Piauí, Santa Filomena, Caracol e José de Freitas, em 34,5/13,8 kV e 6,25 MVA, construídas com recursos do PLpT [Programa Luz para Todos] para ampliar a capacidade de atendimento a famílias rurais. É energizada a linha de distribuição em 13,8 kV e 13 km de extensão, entre São Pedro e Água Branca. Em março, inicia a implantação de Terminais de Autoatendimento nas agências da Empresa.
2012 – A empresa completa 50 anos de existência. Entram em operação as subestações Poty e Renascença, localizadas, respectivamente, nas zonas norte e sudeste de Teresina. É adquirida a primeira subestação móvel do Estado. A concessionária passa a dispor de um caminhão-escola com a finalidade de disseminar conhecimentos sobre o uso racional e seguro da energia elétrica.
É concluída a implantação do sistema de Leitura, Impressão e Entrega Simultâneas-LIES de faturas de energia em todo o Estado. A distribuidora passa a utilizar as tecnologias de cabos multiplexados e de cabos protegidos, respectivamente, em redes de baixa e média tensão.
2013 – Entram em operação as subestações Caraúbas e Valença, localizadas em municípios homônimos, e a Polo Industrial, na zona sul de Teresina.
2014 – Em março, é energizada a subestação Cocal. No fim do ano, são inauguradas as subestações Baixa Grande do Ribeiro, em tensões 69/34,5 kV e 69/13,8 kV e 25 MVA, e Ribeiro Gonçalves, em 69/34,5 kV e 12,5 MVA, aumentando oito vezes a oferta de energia no sul do Piauí.
2015 – Chegam a 150 mil o número de famílias beneficiadas pelo Programa Luz para Todos em todo o Estado. São iniciados e intensificados projetos de combate a perdas, como o de ampliação da rede elétrica para eliminação de ligações clandestinas, instalação de telemedição em grandes consumidores e em alimentadores. Começam a ser convocados aprovados nos concursos realizados em 2014, sendo admitidos 150 colaboradores, dos quais 67 eletricistas.
2016 – Em março, é energizada a linha de distribuição Nazária/São Pedro. Em abril, a agência de atendimento localizada no centro da capital passa a funcionar em nova sede, no cruzamento das ruas Rui Barbosa e São João. Neste mesmo mês, é inaugurado o Centro de Operação Integrado no complexo-sede da Empresa. A Ouvidoria ganha telefone para ligação gratuita, o 0800 721 0164. Em novembro, entra em operação a linha de distribuição Altos-Castelo, em 69 kV e 125,5 km de extensão. Mais 680 aprovados foram admitidos, sendo 447 são eletricistas.
2017 – Em 2017, seguindo as melhores práticas de mercado, a Eletrobras Distribuição Piauí investiu na aquisição e implantação de um Data Center Modular Seguro – DCMS transportável, contemplando revestimento a prova de fogo, piso elevado, sistema de refrigeração de última geração, sistema de predição e extinção de incêndios, controle de acesso, elétrica completa, racks, sistema de UPS, grupos geradores, câmeras e monitoramento 24 horas. Toda essa infraestrutura tem como objetivo o melhor atendimento dos consumidores da empresa. De uma solicitação de serviço, coleta e armazenamento de leituras ao atendimento de clientes em uma agência, todos os processos passam pelo Data Center.