O presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA), Claudio Tapia, anunciou que o jogo ‘amistoso’ entre as equipes da Argentina e de Israel, a ser disputado logo antes do início da Copa do Mundo de 2018 na Rússia, foi cancelado.
O jogo estava previsto para ser realizado em Haifa, cidade ao norte de Israel, mas foi transferido para o estádio Teddy Kollek que foi construído sob as terras de uma aldeia palestina destruída na região de Jerusalém.
Ao anunciar a decisão, Tapia, declarou que a decisão era “um aporte à paz mundial”.
Tapia afirmou que a decisão não tinha nenhuma conotação de preconceito contra a comunidade judaica, mas respondeu aos críticos referindo-se ao conhecimento do sofrimento imposto ao povo palestino desde a fundação do Estado de Israel: “Os que nos tratam de ignorantes nos subestimam, estamos diante de uma realidade que leva mais de 70 anos”.
Além de tudo, o jogo se daria a apenas alguns dias de um dos massacres mais hediondos já perpetrados por Israel e que – através de atiradores militares – ceifou a vida de 120 manifestantes desarmados na Faixa de Gaza e causou ferimentos em perto de 13.000.
A associação de palestinos aficionados do futebol, a Família Futebolística Palestina, enviou um documento à AFA pedindo que o “time nacional argentino não se deixe usar por políticos do governo israelense como instrumento pela normalização da anexação ilegal da Jerusalém Leste Ocupada e descriminalizar as violações sistemáticas da lei internacional dos direitos humanos”.
O baque sentido pelo governo de Israel, que festejara com borbulhas de champanhe a inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém enquanto os soldados das forças de ocupação chacinavam palestinos, foi muito grande pois a equipe da Argentina já havia jogado com a seleção de Israel por diversas vezes antes de copas mundiais anteriores. Netanyahu telefonou para o presidente argentino, Maurício Macri, que respondeu que as decisões da AFA estavam fora de sua jurisdição.
O deputado árabe israelense, Youssef Jabarin, solicitou audiência com o embaixador da Argentina em Tel Aviv ao qual informou que, através do jogo, o país corroboraria com a “grosseira violação dos direitos humanos” e seria uma “mensagem perigosa”.
O jogador argentino Gonzalo Higuain parabenizou a AFA pela decisão: “Finalmente fizeram a coisa certa”.
Além de tudo isso o Teddy Stadium pertence ao time de futebol, Beitar Jerusalém, cujo nome é uma homenagem ao movimento fascista judaico que apoiou a ascensão do nazismo e do fascismo na Europa. Beitar é o único time profissional israelense que nunca contratou nenhum jogador árabe. Após um jogo em que o Beitar perdeu para o time formado na aldeia árabe de Sahnin seus fans saíram pelas ruas próximas ao estádio aos brados de “Morte aos Árabes”.
Depois do anúncio do jogo que, para os palestinos não teria nada de amistoso, os torcedores do Barcelona levavam bandeiras palestinas e entoavam em coro: “Não viaja Messi”.