
“Todas as medidas que forem tomadas terão o mesmo tipo de procedimento do ano passado. Nós vamos cumprir a meta”, disse o ministro
Depois de anunciar nos EUA que pretende isentar totalmente de pagamento de impostos as big techs americanas que quisessem instalar data centers no Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar que vai fazer todos os cortes necessários nos gastos públicos para cumprir a meta de zerar o déficit primário, e até fazer superávit em 2025.
“Serão medidas pontuais. Não dá nem para chamar de pacote”, destacou o ministro em sua entrevista na quinta-feira (15), na sede da pasta, em Brasília. A dupla incongruência – de isentar as big techs dos Estados Unidos e ao mesmo tempo cortar gastos sociais – foi anunciada dentro da discussão sobre a meta de cumprir o arcabouço fiscal.
Ele disse que os cortes serão anunciados publicamente depois da volta do presidente Lula, que foi aos funerais do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. Haddad fez questão de garantir que a meta será cumprida. “Todas as medidas que forem tomadas terão o mesmo tipo de procedimento do ano passado. Nós vamos cumprir a meta”, acrescentou.
“Em junho do ano passado, nós fizemos uma série de medidas para o cumprimento da meta e este ano também estamos identificando alguns gargalos e problemas, tanto do ponto de vista da despesa quanto da receita, e vamos apresentar para o presidente”, disse. “São medidas pontuais para cumprimento da meta fiscal, como fizemos no ano passado”, prosseguiu Haddad. Mesmo na sua ausência, o ministério da Fazenda já vinha falando em bloqueios de gastos e contingenciamento em custeio e investimentos no Orçamento.
O secretário Executivo do ministério, Dario Durigan, já havia adiantado que os cortes eram medidas destinadas a acalmar o “mercado financeiro”. “Vamos fazer ambos, bloqueio e contingenciamento, na medida em que for necessário, no primeiro relatório bimestral do ano. Isso dá uma sinalização de que o manejo da execução orçamentária vai ser sem sustos para o mercado”, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.
Em entrevista ao Estadão, em Nova Iorque (EUA), Durigan falou que os números definitivos serão consolidados até o final desta semana. No entanto, o mercado financeiro, por meio de seus porta-vozes da mídia, já fala em um corte entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões. “Será feito tudo em prol de proteger o fiscal e seguir na consolidação que estamos fazendo”, reforçou o secretário.
Fernando Haddad desmentiu que o governo possa tomar medidas favoráveis a um reajuste do Bolsa Família. Ele negou qualquer estudo ou demanda para reajustar o benefício, previsto para R$ 600 neste ano. “Não há pressão do MDS [Ministério do Desenvolvimento Social], nem espaço fiscal para projetos novos”, disse. “O Orçamento do ano que vem nem começou a ser discutido. Estamos focados na meta fiscal deste ano”, afirmou.