O estado de São Paulo voltou a registrar números alarmantes quanto à taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nos últimos dias as internações chegaram em 70% da capacidade, informou o governo do Estado, durante coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (24).
Por conta da piora no quadro geral do estado em termos de internações e óbitos pela Covid-19, o governador João Doria (PSDB) decretou uma ampliação da restrição de circulação, das 23h às 5h.
O principal motivo para o retorno das restrições mais rígidas é o aumento da média de ocupação de leitos de UTI no estado, que passou de 66% para 69,3% na última semana. Segundo Doria, a decisão foi tomada, na manhã desta quarta-feira (24), em conjunto com o Centro de Contingência da Covid-19.
“Sem vidas não há consumo. Mortos penalizam famílias, entristecem cidades, regiões”, lamentou o governador.
Neste momento, o estado registra 2.002.640 casos e 58.528 óbitos pela doença. Até esta segunda-feira (22), havia 6.410 pacientes internados em leitos intensivos no estado. Antes, o maior número havia sido de 6.250, em julho de 2020.
“É um recorde histórico desde fevereiro do ano passado, quando tivemos o primeiro caso de Covid no Brasil e no estado de São Paulo”, disse Doria.
“Nos últimos 10 dias, houve um aumento progressivo batendo sucessivos recordes, de 660 pessoas internadas a mais em leitos de UTI no estado de São Paulo. São Paulo ainda tem um número considerável de leitos de UTI, mas temos a preocupação de eles se esgotarem em três semanas. Isso é consequência das aglomerações que ocorreram cerca de 10 dias atrás, mas também pode ter ocorrido por outros fatores, especialmente, por conta das variantes, especialmente a de Manaus”, afirmou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência de Covid-19.
“Se nós olhamos para o futuro, nós temos uma previsão bastante preocupante que é poder esgotar os recursos de leitos de UTI em aproximadamente três semanas”, declarou Menezes. Ele apontou duas possibilidades para o recrudescimento da pandemia: o grande número de aglomerações e festas clandestinas desde o final de dezembro e a circulação de novas variantes do coronavírus.
O Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, reforçou a preocupação dos especialistas do Centro de Contingência. “Não adianta nós só ampliarmos leitos e distribuirmos respiradores. Se as medidas restritivas não forem feitas, teremos impacto na saúde em 22 dias”, alertou.
A restrição de circulação visa coibir tanto os eventos clandestinos como reuniões sociais com aglomerações aos finais de noite e madrugadas. O governo organizou uma força-tarefa para ampliar a fiscalização das equipes de Vigilância Sanitária em conjunto com as prefeituras.
VACINAÇÃO
A vacinação em larga escala contra a Covid-19 é a forma mais eficaz de reduzir a ocupação de leitos, pois diminuirá o contagio entre as pessoas.
Com esse entendimento, Doria também anunciou que o Instituto Butantan foi autorizado pelo governador a negociar com laboratório Sinovac a entrega de mais insumos para a produção de vacinas. O pedido do governo federal de mais 30 milhões de doses da CoronaVac será atendido desde que não seja exigida mais a exclusividade da venda do imunizante ao Ministério da Saúde.
“Desta maneira, outros estados, outros governos estaduais e municipais, poderão adquirir a vacina do Butantan de acordo com suas conveniências, e o próprio governo de São Paulo o fará. Como anunciei aqui, compraremos mais 20 milhões de doses da vacina do Butantan para complementar a imunização, se necessário for”, disse.
Nesta quarta, foram entregues 900 mil doses da CoronaVac ao governo federal. Até o dia 5 de março, terão sido entregues 15,4 milhões doses distribuídas ao Plano de Imunização Nacional do Ministério da Saúde. Até 30 de abril, serão 46 milhões de doses. Segundo o cronograma do Instituto Butantan, as 100 milhões de doses contratadas pelo Ministério da Saúde serão entregues até julho deste ano.