O Ministério Público de São Paulo vai recomendar ao governo que cancele o contrato com a empresa ViaMobilidade, responsável pela operação das linhas 8 e 9 do transporte sobre trilhos há cerca de um ano. Nesta segunda-feira (16), foi registrado o terceiro descarrilamento de trem na Linha 8 – Diamante. O problema durou mais de cinco horas.
Para a promotoria, não há outra alternativa a não ser a rescisão. “Agora, esperamos a rescisão administrativa. Se isso não ocorrer, vamos pedir a rescisão judicial, além de requerer indenização”, afirmou o promotor Silvio Marques.
“Estou sempre falando sobre os riscos de acidente nesse sistema, e agora acontece outro. É um absurdo. Pode acontecer uma tragédia em São Paulo se nada for feito”, disse Marques à reportagem da Gazeta de São Paulo.
Um vídeo feito por câmeras de segurança mostra o momento em que o trem descarrila. O acidente ocorreu por volta das 16h, durante forte chuva na capital paulista.
Nas imagens é possível ver o susto do maquinista com o impacto do acidente. Ele se levanta e a cabine é invadida por água, que entra pelo teto. O funcionário sobe no banco e, na sequência, tenta comunicação pelo rádio.
O veículo seguia no sentido Itapevi e a ocorrência aconteceu na região da Estação Lapa, na Zona Oeste da capital paulista.
De acordo com a empresa privada ViaMobilidade, responsável pela operação da linha, não houve registro de vítimas.
Usuários enfrentaram uma tarde de caos, com plataformas lotadas e dificuldade para conseguir informações e embarcar. Uma passageira informou à TV Globo que usuários do transporte que aguardavam pelo trem na Estação Barra Funda só foram informados da ocorrência após 40 minutos de espera.
HISTÓRICO DE PROBLEMAS
Desde janeiro de 2022, as linhas 8 e 9, que eram da CPTM, foram entregues à ViaMobilidade. Por conta das inúmeras falhas nas linhas, o Ministério Público propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à empresa. O TAC, entretanto, não foi aceito pela ViaMobilidade.
A promotoria diz ter provas suficientes para pedir na Justiça a suspensão do contrato da CPTM.
Em dezembro de 2022, outro trem também descarrilou, no dia 7, na linha 8-Diamante.
Um usuário do sistema ouvido pela promotoria disse que o sistema funcionava bem quando era administrado diretamente pela CPTM, mas que depois a situação piorou demais. “Desde que a ViaMobilidade assumiu as mesmas linhas, os atrasos são constantes, não há informações sobre as falhas ou outros problemas que afetam as linhas. A limpeza é precária. Há muitas falhas nos aparelhos de ar-condicionado dos vagões. elevadores e escadas rolantes e muitos funcionários não atendem bem os usuários”, informou o homem ao MP.
“Os usuários têm dificuldade de respirar quando os trens estão lotados e a temperatura dos aparelhos é elevada. Quando há atrasos, as plataformas das estações ficam superlotadas e os trens não comportam tantas pessoas, que são empurradas pelos funcionários para que as portas se fechem”, completou.
Além disso, o homem relatou aumento no intervalo entre um trem e outro, que passou de 5 a 7 minutos para mais de 10 minutos, segundo ele.