Márcio França (PSB) vai disputar com João Dória (PSDB) o primeiro 2º turno para o governo do estado de São Paulo em 16 anos. O resultado oficial foi divulgado na noite de domingo (7) após França arrancar na reta final e passar Paulo Skaf, do PMDB, apontado como favorito na disputa com o ex-prefeito da capital paulista.
A campanha do atual governador do estado ficou confiante com o resultado, que por sua vez não agradou nada Dória que teve 31,7% dos votos e já se preparava para enfrentar o peemedebista, conhecido como “pato da Fiesp”.
França obteve 21,53% dos votos válidos (4.272.706 milhões) , deixando Skaf para trás com 21,09% (4.202.013). Luiz Marinho, candidato do PT, ficou em um distante terceiro lugar, com 12,6% dos eleitores.
A falta de palavra de Dória – que quando eleito prefeito de São Paulo jurava de pé junto que não abandonaria o mandato – reforçou a desconfiança da população paulistana. A campanha de França ressaltou diversas vezes esse aspecto da trajetória do tucano: a falta de palavra.
“Minha prática é de respeito às pessoas. Eu cumpro a minha palavra. Não abandono as coisas que eu faço e nem os amigos”, afirmou. Ele agradeceu o apoio e a “forte arrancada”. “Fé em Deus. Quem conhece confia. Muito obrigado pelo grande apoio e forte arrancada. Foi uma virada emocionante e vamos com mais força para a vitória. Aqui tem palavra! São Paulo avança!”, disse Márcio França logo após a confirmação do resultado, se referindo ao abandono de Dória do seu mandato como prefeito e também da traição dele ao candidato do seu partido ao pleito presidencial, Geraldo Alckimin, a quem preteriu para apoiar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
“BOLSONARO NÃO TERÁ MEU APOIO”
Pela manhã, após ter votado acompanhado da esposa Lucia França, o candidato do PSB afirmou em uma rede social que “Bolsonaro não terá meu apoio nem meu voto. Olhe meu passado. Sou fundador do PSB, meu único partido na vida”.
Dória, ao contrário, nem mesmo esperou o segundo turno para a presidência da República se configurar para declarar seu apoio a Bolsonaro.
“Votarei nele contra o PT, contra a esquerda, contra Fernando Haddad e contra Lula”, disse o tucano há duas semanas. “Não endosso todas as posições dele. Endosso, sim, integralmente, as posições econômicas, sobretudo aquelas fundamentadas no trabalho do Paulo Guedes, que é um profissional de respeito.” Comemorando o resultado, França aproveitou a oportunidade para criticar a vaidade do seu adversário, que segundo ele trata o governo de São Paulo como “um prêmio de consolação”.
“Ele fez as coisas contrariado, queria ser candidato à Presidência da República. Ele se iludiu com a vitória na Prefeitura. A vitória na Prefeitura foi uma conjugação de uma série de fatores, mas ele acha que foi porque ele é um gênio e resolveu, dali, disputar a Presidência da República. Como não conseguiu, ele então foi buscar um prêmio de consolação.”
“Ele acabou não cumprindo a palavra e repetiu o que ele falava que os políticos faziam, que é mentir. Mentiu para mim, para todo mundo. Ele acelerou sem engatar, então o carro ficou só fazendo barulho”, disse depois de conquistar o segundo turno.
“A má notícia, em especial hoje, é para o Dória. Ele não terá mais aquele Rodrigo (Tavares, candidato do PRTB) nos debates. Agora ele vai ter que perguntar direto para mim e ouvir perguntas de mim. Soube até que ele está procurando um marqueteiro. Calma, Dória: vamos ter muito o que discutir sobre o estado de São Paulo”.
No último debate entre os candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, o embate entre França e Dória se acirrou. Chamado pelo tucano de “Márcio Taxa”, o candidato do PSB retrucou:
“Eu vou cobrar a taxa, João, é de pessoas como você, que pegou uma rua pública lá em Campos de Jordão e adaptou para a sua propriedade”, afirmou em referência a uma rua que o tucano anexou de maneira irregular em sua propriedade na cidade serrana paulista. “Isso sim tem que cobrar taxa. (…) Precisa ter cara de pau para vir aqui fazer isso. Impressionante”.
“Olha, você falou para mim 43 vezes, olhando na minha cara, assim: ‘Márcio, eu prometo a você, eu prometo a você e a todo mundo, pela honra do meu pai, pela honra dos meus filhos, que eu ficarei na Prefeitura durante quatro anos e serei o melhor Prefeito de São Paulo’. Você falou isso. Se você não consegue cumprir nem com a honra das pessoas que você jura, João, você acha que alguma coisa que você fala eu confio?”, disse França.
SÃO PAULO QUER MUDANÇA
Na visão do ex-prefeito de São Vicente, a síntese do resultado do primeiro turno indicou que o eleitor não quer mais os tucanos que estão há 20 anos governando São Paulo.
“O eleitor votou pela mudança, por uma novidade. E a última coisa que pode ter mudança em São Paulo é 45”.