O ex-presidente Jair Bolsonaro, que mentiu sobre as instituições democráticas e tentou realizar um golpe de estado para ficar no poder, disse que o atentado de seu seguidor contra o Supremo Tribunal Federal (STF) foi “um fato isolado” e pregou a anistia como um ato de “pacificação nacional”.
Sobre isso, o ministro Alexandre de Moraes já rebateu e disse que “só é possível essa necessária pacificação do país com a responsabilização de todos os criminosos. Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”.
Bolsonaro agora se finge de bom moço. Um lobo em pele de cordeiro para pegar desavisados em sua armadilha. É dessa lavra o seu artigo no jornal Folha de S.Paulo, dias atrás, intitulado “Aceitem democracia”. Justamente quem mais tem ódio à democracia.
Que não se duvide que textos de Bolsonaro como esses são o combustível para pessoas como o terrorista Walderley serem instigadas a atos criminosos como o que ele fez contra o STF.
Como diz a deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ler na “Folha que Jair Bolsonaro defende a democracia é parecido com ler artigo de um assassino defendendo o direito à vida”. Ou ver o deboche de Chiquinho Brazão dizendo que Marielle Franco era “maravilhosa” e que ela o via “como um pai”.
Em suas redes sociais, Bolsonaro falou que o atentado realizado por Francisco Wanderley Luiz, na quarta-feira (13), foi “causado por perturbações na saúde mental” do terrorista, mas não comentou sobre a campanha que há anos faz contra a democracia, tendo o STF como foco.
Foi o próprio Jair Bolsonaro, enquanto ocupava a Presidência da República, que chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de “canalha” e falou que não seguiria suas decisões.
Bolsonaro também organizou uma campanha mentirosa sobre o sistema eleitoral brasileiro, que desaguou na crença infundada de que as eleições de 2022 foram fraudadas para favorecer Lula.
Açulado por Bolsonaro, Francisco Wanderley Luiz chegou a participar dos acampamentos montados em frente aos quartéis do Exército que pediam um golpe de estado para manter o Bozo no poder.
Esse movimento teve o apoio do governo Bolsonaro, que entendia o golpismo como “liberdade de expressão”. Na campanha de 2022, Jair disse que “quando alguns falam em fechar o Congresso, é liberdade de expressão deles”.
Em um dos processos que tornou Jair Bolsonaro inelegível, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou que a campanha mentirosa sobre as urnas eletrônicas era parte de sua estratégia eleitoral.
O ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ato terrorista de quarta-feira (13) é parte do “contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente”.
É para se livrar da responsabilidade sobre suas falas e atos golpistas que Jair diz agora que Francisco Wanderley agiu sozinho.
O PL, partido de Bolsonaro, publicou uma nota assinada por Eduardo Bolsonaro, filho de Jair e secretário de Relações Institucionais da legenda, dizendo que são “falsas e oportunistas” as falas que “buscam, de maneira precipitada e irresponsável, vincular o trágico suicídio ocorrido hoje na Praça dos Três Poderes ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à direita brasileira”.
Segundo o ex-presidente do PL de Rio do Sul (SC, Eduardo Marzall, Wanderley se filiou ao partido para ser candidato em 2020 por causa de Bolsonaro. “Ele queria entrar na política para fazer alguma coisa de diferente. Claro que ele tinha um apreço muito grande pelo Bolsonaro”, disse Marzall. “Ele era mais bolsonarista do que outra coisa”, completou.
Segundo o PL, essas falas buscam “atrapalhar o andamento do Projeto de Lei da Anistia, um passo essencial para a pacificação nacional e o restabelecimento da normalidade institucional no país”. Agora querem se desvincular da sua cria.
Francisco Wanderley Luiz foi filiado ao PL e se candidatou a vereador em 2020, mas sem sucesso.