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O motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, apresentou “atestados médicos” que apontam suposta “grave enfermidade” e necessidade de “cirurgia urgente”.
Os atestados foram apresentados sem explicar qual doença ou qual procedimento cirúrgico o amigo da família Bolsonaro será submetido.
Fabrício faltou a dois depoimentos ao Ministério Público que estavam previamente marcados. Num deles, quarta-feira (19), alegou “inesperada crise de saúde” para não comparecer. No segundo, sexta-feira (21), seu advogado informou que seu cliente teve que ser internado, justo naquela data, para “realização de um procedimento invasivo com anestesia”.
O motorista de Flávio Bolsonaro desapareceu misteriosamente após um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrar uma “movimentação atípica” de pelo menos R$ 1,2 milhão na sua conta. O relatório foi feito a pedido da Polícia Federal (PF), na Operação Furna da Onça.
O relatório mostrou que Fabrício fez um depósito de R$ 24 mil para a mulher de Bolsonaro, Michele (Bolsonaro diz foram R$ 40 mil e que era pagamento de um empréstimo feito ao motorista que movimenta R$ 1,2 milhão. E que faz “negócios”). O Coaf ainda mostrou que Queiroz recolhia dinheiro de 9 (nove) funcionários do gabinete do filho de Bolsonaro.
O Coaf apontou depósitos de R$ 97.641,20, feitos por sua filha, Nathalia Queiroz, em sua conta. O relatório aponta que Nathalia Queiroz repassou para a conta do pai, dependendo do mês, entre 72,23% e 99% do que recebeu da Alerj.
A esposa de Fabrício Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar, também contratada por Flávio Bolsonaro pela Alerj, repassou entre 31% e 46% – dependendo do mês – para a conta do marido.
Outra funcionária, Luiza Souza Paes, transferiu entre 24,8% e 33,5% do seu salário para a conta de Queiroz.
Além disso, 57% dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj ou até três dias úteis depois.
Na quarta-feira (27), Fabrício Queiroz apareceu numa entrevista ao SBT para falar alguma coisa, já que o assunto e seu desaparecimento o deixaram queimado. Ele disse que é um “homem de negócios” e jurou que não é “laranja”.
No entanto, quando indagado sobre questões espinhosas e sem nenhum esclarecimento ainda ele repetia evasivo que só ia “falar ao MP”, o qual ele tem evitado depor a todo custo e agora aparece com atestados sobre uma “grave enfermidade”.
Por exemplo, quando o repórter insistiu em saber “de onde vem o dinheiro movimentado na sua conta e por que, então, o Coaf convocou o senhor para dar explicações?”. Queiroz respondeu: “só falo ao MP”.
O caso Queiroz tem muita semelhança com outros casos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) investigados igualmente pela Operação Furna da Onça, e com o de Geddel Vieira Lima, o dos R$ 51 milhões escondidos num apartamento. Veja: PGR denuncia Geddel, Lúcio e a mãe por se apropriarem dos salários de assessores
Durante a campanha eleitoral Jair Bolsonaro fugiu dos debates na TV usando como pretexto supostos vetos dos médicos. Mas conseguia dar entrevistas e gravar vídeos. Chegou até a dar entrevista à TV Record enquanto um debate eleitoral era realizado.
Agora o motorista-assessor do filho de Bolsonaro repete o modus operandi. Não vai ao Ministério Público dar explicações, mas a “grave enfermidade” não o impede de dar entrevista ao SBT.
O “atestado médico” e a entrevista só deixaram a situação mais esdrúxula ainda. Foi muito convenientemente apresentado após ele faltar a duas audiências no MP, em vez de ser apresentado antes da data marcada. Se já tinha essa “grave enfermidade” por que não apresentou antes?
Segundo a defesa de Queiroz, seu cliente prestará depoimentos ao MP “tão logo tenha autorização médica”. E o pobre MP, pelo visto, vai ter que ficar pendurado nessa tal “autorização médica”.
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