
O amo de Bolsonaro alega que ambos estão prejudicando empresas americanas
Donald Trump parece não ter senso do ridículo. Depois de se intrometer nos assuntos da Justiça brasileira, exigindo impunidade para os golpistas que estão sendo julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele agora resolveu atacar o PIX, meio de pagamento eletrônico criado pelo governo, dizendo que ele está prejudicando empresas americanas.
Se a família Bolsonaro já estava torrada por ter apoiado o tarifaço de Trump e ficado contra o Brasil, agora é que eles estão lascados com o ataque ao PIX, que já se tornou altamente popular no Brasil. O PIX bateu recorde de volume transferido em 2024 ao somar R$ 26,46 trilhões.
“O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, diz o documento dos EUA, sobre o PIX, anunciando “investigações” contra o Brasil, pedidas por Trump.
Mas não ficou só no PIX a ridícula implicância de Trump com o Brasil. Ele resolveu reclamar também da movimentação comercial da Rua 25 de Março, no centro da capital de São Paulo, uma das ruas mais famosas e com o maior comércio popular do país.
Achando que pode aplicar leis americanas ao Brasil e obrigar o Planalto a respeitá-las, como se o país fosse uma colônia dos EUA, Donald Trump pediu ao departamento de comércio de seu país que fizesse uma investigação das atividades comerciais do Brasil. Esta “investigação” foi então aberta sob a chamada Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, um dispositivo utilizado em suas disputas comerciais, e ocorre poucos dias após o governo Trump anunciar unilateralmente um tarifaço ilegal de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA.
“Por orientação do presidente Trump, estou iniciando uma investigação com base na Seção 301 sobre os ataques do Brasil contra empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA”, afirmou o embaixador Jamieson Greer, representante comercial dos EUA. O governo brasileiro disse que não aceita chantagem e informou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), além de aplicar medidas com base na Lei da Reciprocidade.
O PIX brasileiro está sendo considerado por Trump uma “prática desleal” de serviço de pagamento eletrônico pelo fato de ser gratuito e, com isso, retirar receita de bancos americanos, como Visa e Mastercard.
Ou seja, Trump quer que os brasileiros paguem taxas de PIX para os bancos americanos. A medida deve ter deixado os bolsonaristas completamente desorientados, porque eles acusavam falsa e histericamente o governo brasileiro e querer taxar o PIX e, agora, o guru deles, Donald Trump, é que está querendo implantar taxa sobre o PIX. Sem falar que o “amarelão” da Casa Branca quer acabar também com a popular “Rua 25 de Março”.
O ataque de Trump ao PIX explodiu nas redes sociais e virou o assunto mais comentado desde ontem. Centenas de milhares de brasileiros, que já havia protestado contra o tarifaço, fizeram comentários contra a intenção de Donald Trump de defender os interesses dos grandes bancos americanos em detrimento do povo brasileiro.
O repúdio foi geral. “O PIX é um sucesso popular que incomoda corporações bilionárias”, escreveu um usuário no X. Outros ironizaram: “Agora o problema dos EUA é que o PIX é rápido demais?” A hashtag #DefendaOPix rapidamente subiu nos trending topics.
Reação do governo brasileiro:
O PIX é do Brasil e dos brasileiros! 🇧🇷
Parece que nosso PIX vem causando um ciúme danado lá fora, viu? 🤔 Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema Seguro, Sigiloso e Sem taxas.
— Governo do Brasil (@govbr) July 16, 2025
Donald Trump se dirigiu também ofensivamente ao comércio da 25 de Março, o maior comércio popular do Brasil. Disse que os EUA estão sendo prejudicados. O documento alega que há “distribuição, venda e uso generalizados de produtos falsificados, consoles de jogos modificados, dispositivos de streaming ilícito e outros dispositivos de burla”.
Disse também que a Rua 25 de Março seria um símbolo da ineficácia do combate à pirataria. “A região da Rua 25 de Março permanece há décadas como um dos maiores mercados para produtos falsificados, apesar das operações de fiscalização direcionadas a essa área”, diz o texto.
No Congresso Nacional, a repercussão dos ataques ao PIX foi imediata. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) classificou a medida como uma tentativa de retorno às taxas bancárias e acusou Trump de favorecer interesses comerciais de grandes empresas dos EUA. “Trump quer o fim do PIX e que voltemos a pagar taxas para bancos e operadoras como Visa e Mastercard”, escreveu.
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) ironizou a ofensiva norte-americana e lembrou o histórico eleitoral de Donald Trump. “Agora o Trump quer… acabar com o PIX no Brasil. Diz ele que é uma prática desleal com os EUA. Bom mesmo é votar em papelzinho pelo correio, né, Laranjão?”, escreveu, em publicação.
A medida é mais um dos ataques de Trump ao Brasil. A “investigação” visa defender interesses de grandes empresas americanas como a Visa e Mastercard. A Lei invocada atua como um instrumento de pressão internacional para proteger os interesses dos EUA.
O dispositivo estabelece um processo conduzido pelo Representante de Comércio para chantagear governos que se defendem e protegem sua economia. A lei também prevê que os EUA podem adotar medidas unilaterais de guerra comercial. No passado, os EUA utilizaram esse mesmo dispositivo para impor tarifas sobre produtos chineses.