Após o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) passar a usar como referência os juros de mercado para a concessão de empréstimos, os desembolsos do banco público caíram 18% em janeiro em relação ao valor liberado no ano passado, traduzindo a política do governo de Temer e Meirelles de corte nos investimentos e consequente quebradeira das empresas do país. No ano passado, a concessão de empréstimos da instituição já havia sido a menor da última década.
Os números também não são nada animadores em termos acumulados: nos últimos 12 meses, os desembolsos que somaram R$ 69,8 bilhões, são 20% menores (em termos nominais) do que o valor dos empréstimos concedidos nos 12 meses anteriores.
O setor produtivo – maior dependente de investimentos e que garante maior retorno para a economia – foi o que mais sofreu com os cortes nos desembolsos do banco público. A queda nominal na indústria foi de 53% – somando em janeiro, R$ 442 milhões.
Os empréstimos para projetos de agropecuária superaram em muito os desembolsos para a indústria em janeiro: R$ 936 milhões, mas ainda assim, registraram um tombo de 27% em relação ao desembolsado em 2017. Para projetos de infraestrutura, houve queda de 5% (somando R$ 1,357).
O valor de consultas, que medem o “apetite” das empresas por investimentos, também caíram em janeiro, registrando recuo nominal de 26%.
Desde 1994 a taxa de referência foi a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), definida com base na expectativa de inflação dos 12 meses e um percentual de remuneração para o banco. Após aprovação de Medida Provisória, foi criada a Taxa de Longo Prazo (TLP) que, apesar do nome, é vinculada à Selic (que é uma taxa de curto prazo) e tornam os juros do banco de fomento ao desenvolvimento econômico maiores e oscilantes, como o de qualquer outro.