ISO SENDACZ (*)
O Centro Celso Furtado comemora o centenário do economista mais estudado do país com uma série de debates ao vivo, renovando suas Políticas para o Desenvolvimento.
O tema de terça-feira na Semana Celso Furtado foi o seu livro mais destacado: Formação Econômica do Brasil. Os debatedores foram unânimes quanto à sua atualidade. Como explicou o professor Ricardo Bielschowsky, o Brasil segue perfilando entre os atores da economia global periférica.
Furtado havia estabelecido as três características do subdesenvolvimento: baixa diversidade da estrutura produtiva e exportadora; heterogeneidade da produtividade do trabalho, com o consequente aumento da pobreza; e atraso institucional, que gera má alocação dos excedentes de produção.
Se avanços houveram na era Vargas e hoje a produção é mais diversa, a desindustrialização que se observa no país não só o mantém à margem do desenvolvimento global, como torna recidivo o nosso subdesenvolvimento.
Da cana de açúcar ao café prevaleceu a baixa industrialização e a economia de subsistência no Brasil. Mesmo com as rendas de salário surgidas com a cafeicultura paulista, formadoras de um incipiente mercado consumidor, o modelo atrasado não foi superado, pois o capital nacional não foi capaz de absorver a mão-de-obra em relações de trabalho que melhorassem o tecido social brasileiro.
São os reflexos desse vício cultural que hoje desestruturam o resguardo do trabalho e limitam o investimento produtivo do capital acumulado.
A dependência brasileira das economias centrais é de grau pouco conhecido mundo afora e só uma ação estatal, nos moldes apontados por Furtado e outros nacionalistas da Cepal, pode reverter o quadro, concluíram os estudiosos* convidados.
Saiba mais sobre a obra furtadiana na análise de Nilson Araújo de Souza.
*Sob mediação de Glauber Carvalho, coordenador executivo do Centro Celso Furtado, participaram, ao lado de Ricardo Bielschowsky, os também acadêmicos Alexandre de Freitas Barbosa e Marcelo Arend.
(*) Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central e do Instituto Cultural Israelita Brasileiro, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos