
Já basta a intenção absurda de querer taxar o PIX. Encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, abriu o jogo sobre o gangsterismo implícito nas chantagens da Casa branca. Querem abocanhar minerais estratégicos do país
O presidente Lula criticou na quinta-feira (24) a ligação entre as chantagens de Trump contra o Brasil e o interesse declarado dos Estados Unidos nos minerais estratégicos do país, como o lítio e o nióbio. A insinuação dos americanos foi feita ao Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e chegou ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, por parte do encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar.
Gabriel Escobar afirmou que o governo americano tem interesse nos materiais críticos em solo brasileiro. A manifestação do encarregado começa a revelar que além de exigir impunidade a Bolsonaro e demais golpistas e de atacar o PIX, a Casa Branca está de olho grande nas reservas de minerais estratégicos do Brasil. Escobar disse que os EUA têm interesse em fechar acordos com o Brasil para aquisição de minerais considerados estratégicos.
Durante cerimônia de entregas do governo federal em Minas Novas (MG), Lula afirmou que “aqui ninguém põe a mão” e defendeu a soberania do Brasil sobre suas riquezas naturais. “Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, disse o presidente, em referência ao governo americano.
Segundo o presidente do Ibram, Raul Jungmann, os americanos demonstraram preocupação e insistência sobre o tema. Ele afirmou que deixou claro aos diplomatas que a negociação deve ser feita com o governo federal, uma vez que os recursos minerais pertencem à União, conforme determina a Constituição. “Essa é uma pauta do governo. Repito, isso é algo que diz respeito privativamente ao governo Lula e à sua estratégia de negociação”, afirmou Jungmann.
O governo americano não fez contato direto com o Palácio do Planalto sobre o tema. A informação chegou apenas por meio do setor privado. O interesse por terras raras e minerais estratégicos é parte de uma política global de Donald Trump, que tem pressionado outros países a garantir exclusividade no fornecimento desses recursos aos EUA. Antes mesmo de tomar posse, Trump exigiu, por exemplo, que a Ucrânia cedesse terras raras como compensação pela ajuda americana na guerra contra a Rússia.
O Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, atrás apenas da China. A oito dias do prazo estabelecido por Trump para impor novas tarifas ao Brasil, o tema adiciona tensão às negociações comerciais e diplomáticas com os EUA. No mesmo discurso, Lula mandou um recado direto: “A única coisa que eu peço ao governo americano é que respeite o povo brasileiro como eu respeito o povo americano”, completou Lula.
O governo do presidente Lula, ao mesmo tempo que reafirma que não sai da mesa de negociação e que a intransigência é da Casa Branca, prepara um plano de contingência para ajudar as empresas que, caso o tarifaço se concretize, venham a ser mais afetadas, com linhas de crédito e recursos para evitar a demissão de trabalhadores. O plano será apresentado pelo ministro Fernando Haddad, da Fazenda, a Lula na próxima segunda (28). Caberá ao presidente decidir o que será feito.