A senadora Selma Arruda, juíza de Mato Grosso que se elegeu pelo PSL de Jair Bolsonaro, conta os horrores de ter participado da “milícia” política do presidente. “Aquilo é como se fosse uma seita que engole as pessoas sem mastigar”, disse ela à revista Época, que circula neste fim de semana.
“Recebi ataques dos radicais. Tem uma ala do bolsonarismo que, se você não for um robô que concorde com tudo… É como se fosse um time de futebol… Impressionante. Como se fosse uma seita”, afirmou.
Ela deixou o PSL e foi para o Podemos depois que o senador Flávio Bolsonaro gritou com ela pelo telefone para obrigá-la a tirar sua assinatura da CPI da Toga. Investigado, Flávio foi beneficiado por decisão de Dias Toffoli, do STF, que interrompeu seu processo. Por isso ele está contra a CPI.
“Me senti desconfortável de continuar no partido. Eu não sou menos senadora do que nenhum daqueles senadores. Não importa de quem eles sejam filhos, o poder extra-Senado que possam ter. Não tinha como eu permanecer ali depois daquilo, né? Tive de me impor e me dar ao respeito, como política, senadora e mulher”, explicou.
A senadora afirma que está havendo uma mudança. “Antes, as pessoas iam às ruas protestar pela CPI da Lava Toga, pelo Sergio Moro, pelo fim da corrupção, pelo fim do foro privilegiado. Não sei o que aconteceu que, de pouco tempo para cá, espalharam que a CPI da Lava Toga teria sido bolada por uma esquerda golpista que queria desestabilizar o Brasil”.
“Uma coisa absurda. Esses radicais engolem isso sem mastigar, saem repetindo isso, e agora há um mantra de que a CPI não tem utilidade”, prosseguiu a senadora.
“A CPI não é em relação a todo o STF, não desestabiliza a instituição. Quem está tomando decisões contrárias à lei, fazendo mais do que deveria, querendo comandar o país com atitudes não republicanas? A gente precisa descobrir isso. Gilmar Mendes disse que, se houver CPI, o STF a engavetará. Isso é o que nós vamos ver!”, concluiu Selma Arruda.
A senadora é processada por caixa dois na campanha eleitoral. O caso está no TSE. “Não tenho medo. Espero que o TSE faça um julgamento técnico, confio no TSE. Agora, se isso acontecer, se considerarem caixa dois, volto tranquila para casa. Já concluí minha carreira, sou absolutamente satisfeita profissionalmente”, disse ela.
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