O procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou às unidades do Ministério Público nos estados do DF e de São Paulo que sejam investigadas as tentativas de invasão a hospitais durante a pandemia do novo coronavírus.
O procurador-geral cita nos pedidos de investigação episódios ocorridos apenas em São Paulo e no Distrito Federal. O ofício enviado pelo procurador-geral equivale a um pedido para que os casos sejam apurados, e não à determinação de abertura imediata de investigações. A decisão sobre apurar os casos caberá aos ramos estaduais do Ministério Público.
No ofício aos estados, Aras não cita a fala de Bolsonaro e também não informa se as declarações dele serão investigadas.
No documento, Aras afirma ter havido “em variados locais do país, episódios de ameaças e agressões a profissionais de saúde que atuam no combate à epidemia do vírus covid-19, além de danos ao patrimônio público e perturbações ao serviço público”.
Na quinta-feira (11), em sua live, Bolsonaro instigou seus seguidores a invadirem hospitais e filmarem para verificar se havia leitos ocupados ou não. “[Se] Tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda”, disse Bolsonaro.
Após a incitação de Bolsonaro, um grupo de ao menos seis pessoas invadiu e depredou, na sexta-feira (12) o Hospital Ronaldo Gazolla, referência no tratamento da Covid-19, no Rio de Janeiro.
O mesmo aconteceu no Espírito Santo. Um grupo de cinco deputados estaduais do Espírito Santo – Lorenzo Pazolini (Republicanos), Vandinho Leite (PSDB), Torino Marques (PSL), Danilo Bahiense (PSL) e Carlos Von (Avante) – invadiram o Hospital Dório Silva na última sexta-feira (12), localizado no município de Serra.
A Secretaria de Estado da Saúde capixaba emitiu nota repudiando a ação: “é inadmissível esse tipo de atitude, no momento em que o Espírito Santo, o país e o mundo enfrentam a mais grave crise de saúde em nossa geração. Mais grave é o fato de que essa atitude foi insuflada por uma declaração irresponsável do chefe da nação”.
Vereadores de Fortaleza tentaram, sem sucesso, acessar um hospital de campanha na capital cearense.
Antes da live de Bolsonaro, no dia 4 de junho, deputados estaduais de São Paulo invadiram as instalações do hospital de campanha no Anhembi, causando tumulto e afirmando que fariam uma vistoria.
Eles criticavam o governador paulista João Doria (PSDB) e afirmavam que o governo paulista estaria mentindo sobre o número de casos e mortes no estado.
O outro caso citado por Aras ocorreu no último dia 9, no Hospital Regional de Ceilândia, a 46 km do centro de Brasília, quando um homem foi filmado xingando uma médica da unidade.
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