O procurador-geral da República, Augusto Aras, divulgou nesta quinta-feira (21) o vídeo de uma entrevista antiga dada a veículos internacionais na qual diz que não aceitará “alegações de fraude” nas eleições.
A ação vem após cobranças pela inação e o silêncio de Aras diante da escandalosa reunião feita por Bolsonaro com embaixadores na segunda-feira (18).
A conversa foi gravada no dia 11 de julho, uma semana antes de Bolsonaro encontrar embaixadores no Palácio da Alvorada para disparar mentiras sobre o processo eleitoral, atacar a Justiça Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal (STF).
O vídeo foi divulgado em um perfil de Aras no Youtube. Antes da gravação, uma mensagem informa que ele “recorda a necessidade de distanciamento, independência e harmonia entre os Poderes”.
“E que as instituições existem para intermediar e conciliar os sagrados interesses do povo, reduzindo a complexidade das relações entre governantes e governados”, continua o texto que introduz a gravação.
Apesar disso, Aras não criticou a reunião do presidente com os diplomatas estrangeiros. Muito menos tomou qualquer atitude contra o “vexame” proporcionado por Jair Bolsonaro.
Ele foi indicado e reconduzido por Bolsonaro para o cargo e até agora não apresentou nenhuma denúncia contra o presidente ao longo de quase três anos de mandato, mesmo provocado. É ao procurador-geral que cabe denunciar crimes de Bolsonaro e fiscalizar ações do governo.
No STF há ações pedindo investigação e cobrando explicações de Bolsonaro sobre a constrangedora reunião com os embaixadores e deverá ser provocado pelo STF a opinar. No dia seguinte à reunião, líderes de sete partidos pediram ao Supremo que Bolsonaro seja investigado por crime contra o Estado Democrático de Direito.
Na terça-feira (19), um grupo de 43 procuradores federais enviou uma representação a Aras cobrando uma investigação contra Bolsonaro por ataques ao sistema eleitoral. O documento foi assinado pelo procurador federal dos Direitos dos Cidadãos, Carlos Alberto Vilhena.
A notícia-crime afirma que ao reunir embaixadores estrangeiros para atacar o sistema eleitoral, Bolsonaro “afronta e avilta a liberdade democrática, com claro propósito de desestabilizar e desacreditar o processo e as instituições eleitorais”.