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Pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (26), mostra que a desaprovação ao governo Lula ultrapassa 60% no levantamento feito entre os dias 19 e 23 de fevereiro nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Já a aprovação caiu 18 pontos percentuais na Bahia e 17 em Pernambuco, e é superada numericamente pela desaprovação pela primeira vez.
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Avaliação negativa do governo Lula:
* SP: de 38% (dez.2024) para 55% (fev.2025)
* MG: de 34% (dez.2024) para 51% (fev.2025)
* BA: de 21% (dez.2024) para 38% (fev.2025)
* PR: de 37% (dez.2024) para 69% (fev.2025)
* PE: de 23% (dez.2024) para 37% (fev.2025)
* GO: de 41% (dez.2024) para 58% (fev.2025)
Em todos os oito estados pesquisados, a percepção da população brasileira é que a economia do país piorou. Certamente as restrições fiscais impostas por Fernando Haddad impactaram na avaliação. Em São Paulo, por exemplo, 62% acham que a economia piorou no último ano. Na Bahia, esse percentual chegou à 50%. A maioria dos eleitores de 8 estados acredita que o Brasil está indo na direção errada, e que Lula (PT) deveria fazer um governo diferente nos próximos dois anos.
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Brasil está indo na direção certa ou errada?
* Pernambuco: 55% dizem que o país está na direção errada e 38% certa
* Bahia: 57% dizem que o país está na direção errada e 35% certa
* Rio de Janeiro: 67% dizem que o país está na direção errada e 27% certa
* Minas Gerais: 66% dizem que o país está na direção errada e 28% certa
* São Paulo: 67% dizem que o país está na direção errada (aumentou) e 26% certa
* Paraná: 66% dizem que o país está na direção errada e 27% certa
* Rio Grande do Sul: 63% dizem que o país está na direção errada e 30% certa
* Goiás: 68% dizem que o país está na direção errada e 25% certa
Além da insatisfação com a economia, também pesa contra o governo a percepção de que o país não caminha na direção certa, segundo avalia Felipe Nunes, diretor da Quaest. Sem rumo, o governo transmite insegurança para a população. A consequência disso é que a grande maioria nos 8 estados acham que nos próximos 2 anos do mandato do presidente Lula ele deveria fazer um governo diferente do que tem feito até agora. Ou seja, é enorme a expectativa que mudanças aconteçam.
Nos próximos 2 anos, Lula deve fazer um governo igual ou diferente?
* Pernambuco: 78% dizem que o governo deveria ser diferente; 21% igual
* Bahia: 79% dizem que o governo deveria ser diferente; 18% igual
* Rio de Janeiro: 81% dizem que o governo deveria ser diferente; 16% igual
* Minas Gerais: 83% dizem que o governo deveria ser diferente; 14% igual
* São Paulo: 85% dizem que o governo deveria ser diferente; 11% igual
* Paraná: 87% dizem que o governo deveria ser diferente; 10% igual
* Rio Grande do Sul: 88% dizem que o governo deveria ser diferente; 10% igual
O desemprego é um dos fatores que mais pesam negativamente. Há uma alta correlação entre a taxa de desocupação e a percepção sobre a dificuldade de se conseguir emprego. No Rio de Janeiro e Bahia, onde o desemprego é maior, mais entrevistados afirmam estar difícil achar emprego. No Paraná e em Minas Gerais, onde a desocupação é menor, a percepção de dificuldade de emprego é menor.
A inflação é um dos fatores importantes na sensação de piora na economia. Há quase uma unanimidade na avaliação de que os preços dos alimentos estão muito altos nos 8 estados pesquisados. Embora em São Paulo a inflação acumulada de alimentos tenha chegado a 10% em 2024, e em Salvador tenha sido bem menor, 5,84%; nos dois estados, 95% afirmam que os preços de alimentos subiram no último mês.
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A desaprovação ao governo começa a se refletir na rejeição de Lula. Em São Paulo, por exemplo, a rejeição do atual presidente chega a 66%, maior do que a de Bolsonaro (53%). Em MG, onde Lula venceu por pequena margem, acontece o mesmo. Sua rejeição bate 62%, contra 51% de rejeição a Bolsonaro. O cenário é o mesmo no RJ (58 x 49), no PR (68 x 44), RS (62 x 51) e GO (67 x 41). Bolsonaro só tem rejeição mais alta que Lula na BA (39 x 60) e PE (40 x 56).
Essa rejeição do governo não se traduz, no entanto, em derrota eleitoral para Lula se o candidato adversário hoje fosse Bolsonaro, Gusttavo Lima, Marçal, Zema ou Caiado. Mesmo com o crescimento da desaprovação na Bahia e em Pernambuco, Lula ainda venceria Bolsonaro nesses dois estados pela mesma vantagem com que venceu em 2022: +33pp e +26pp.
No RS e no PR a situação do presidente piorou em relação a 2022, mas melhorou bastante no Rio de Janeiro, o que compensa a adversidade nos outros estados. Em São Paulo, o resultado é praticamente idêntico ao de 22; e em MG, a pesquisa aponta empate técnico com vantagem numérica para Bolsonaro, o que poderia ser visto como mudança de cenário, mas ainda é impossível de ser detectada fora da margem de erro.
Se usarmos os resultados de Bolsonaro de 22 como referência, com os percentuais nas simulações de Tarcísio em um eventual segundo turno contra Lula, as coisas mudam de figura. Tarcísio tem hoje, mesmo com o alto desconhecimento, capacidade de ampliar a vantagem que Bolsonaro obteve sobre Lula em 2022.
Esta vantagem não é compensada na Bahia, já que Lula continua vencendo Tarcísio pela mesma diferença que venceu Bolsonaro em 22 (34 pontos). E também não é tirada nos outros estados, mesmo Tarcísio tendo um desempenho igual em Minas e abaixo do de Bolsonaro em GO, PE, RS, PR e RJ.
A pesquisa ouviu 1644 pessoas em São Paulo (margem de erro de 2), 1482 em Minas Gerais (margem de erro de 3), 1400 no Rio de Janeiro (margem de erro de 3), 1400 no Rio Grande do Sul (margem de erro de 3), 1200 na Bahia (margem de erro de 3), 1104 no Paraná, em Goiânia e em Pernambuco, cada (margem de erro de 3).