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“Estamos demonstrando que podemos industrializar o país, que isso depende da decisão política de um governo decidido a produzir e construir uma economia sólida e diversificada”, afirmou o presidente boliviano
“Mutún é um exemplo claro de que o Estado boliviano deve ser e é o ator fundamental para avançar rumo à industrialização. A industrialização é uma realidade e estamos demonstrando que o país pode ser industrializado, que isso depende da decisão política de um governo determinado a produzir e construir uma economia sólida e diversificada”, afirmou o presidente Luis Arce Catacora, na segunda-feira (24), ao inaugurar o estratégico projeto no ano do bicentenário.
Com investimento de US$ 546 milhões, o complexo estatal é composto por sete plantas – Concentração, Pelotização, Redução Direta de Ferro (DRI), Siderurgia, Laminação, Usina e Auxiliares – e está localizado no município de Puerto Suárez, na província de Germán Busch, departamento (estado) de Santa Cruz, na fronteira com o Brasil. “Vamos realizar a segunda fase deste projeto, que é ampliar e duplicar a produção em Mutún”, assinalou Arce, durante a cerimônia.
Abrangendo mais de 42 hectares, Mutún produzirá 200 mil toneladas por ano de vergalhões para construção e fio máquina, o que significa a substituição de quase 50% das importações de aço, passo essencial para a efetivação da soberania. Produto adquirido a partir da laminação a quente, o fio máquina é necessário para a fabricação de subprodutos como porcas, parafusos e pregos, todos de grande demanda no mercado interno.
Conforme o governo, isso significa a substituição de quase 50% das importações de aço na Bolívia, cerca de US$ 200 milhões anuais. A enorme infraestrutura foi construída com investimentos de US$ 546 milhões, e deverá gerar, anualmente, receitas de US$ 172 milhões e lucros líquidos de US$ 73 milhões.
“Esse dinheiro está sendo investido pelo nosso governo nacional com muito esforço, com muito amor, mas determinado a industrializar o nosso país. Hoje esse benefício é muito importante, é para todos os bolivianos”, acrescentou Arce, em meio a aplausos.
De acordo com o presidente da Empresa Siderúrgica de Mutún, Jorge Alvarado, “não se trata apenas do fato de substituir importações, mas também de impedir a saída de centenas de milhões de dólares do país”. “Socialmente, este complexo tem um impacto muito grande para todos os bolivianos”, sublinhou.
De responsabilidade da empresa chinesa Sinosteel em 2016, a construção do complexo siderúrgico deveria ter iniciado em janeiro de 2019, mas foi paralisada em 2020 pelo regime golpista de Jeanine Añez. Retomada pelo governo de Arce em 2021, a obra funcionará em três turnos, gerarando 700 empregos diretos e dois mil indiretos. O complexo também permitirá a recuperação do fósforo e do silício, que serão industrializados como fertilizantes.
O megaprojeto foi financiado pelo governo chinês, com recursos do Banco Central da Bolívia (BCB) e do Tesouro Geral da Nação (TGN). A prefeitura de Puerto Suárez e o governo de Santa Cruz começarão a receber royalties pela exploração dos recursos naturais.
A jazida de Mutún possui recursos avaliados em aproximadamente 40 bilhões de toneladas de ferro e 10 bilhões de toneladas de manganês, entre outros minerais.