“Quando perceberam que havíamos chegado ao segundo turno, entraram em pânico. Porque reconheceram que havia chegado uma opção frente a qual não tinham capacidade de controle. Então, recorreram ao que lhes resta, que é inventar mentiras, circular mentiras e campanhas de desinformação”, afirmou Bernardo Arévalo, candidato do Movimento Semilla (Semente) à presidência da Guatemala.
“Leiam o que propomos, ouçam o que propomos e decidam em quem você quer acreditar”, acrescentou o líder oposicionista, denunciando a “escalada de perseguição política contra a organização”. Bernardo alertou para a “campanha de desgaste” judicial estampada pela investigação promovida pelo Ministério Público (MP) contra a organização partidária.
Como parte das ações contra o partido, o MP invadiu duas vezes a sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que se recusou a desqualificar a organização partidária e oficializou que a votação entre Arévalo e a candidata direitista Sandra Torres deveria ocorrer no dia 20 de agosto.
O líder oposicionista apontou que sua prioridade é a geração de “empregos, empregos, empregos e mais empregos”. “Na Guatemala temos uma crise de emprego. Na verdade, um em cada cinco guatemaltecos tem que fugir do país para procurar trabalho em outro lugar porque aqui não há futuro… e 80% são empregos informais”, explicou. Por conta da gravidade da crise, sua estratégia desenvolvimentista consiste em ações que já foram utilizadas com êxito, como “usar investimentos públicos maciços durante os quatro anos para construir infraestrutura física” que gere os empregos necessários para que, vendo essa nova infraestrutura de rodovias, portos e aeroportos, as empresas se vejam estimuladas a investir no país.
Parte dos projetos de segurança que Arévalo anunciou consiste na contratação de 12 mil novos agentes da Polícia Nacional Civil (PNC) para atuar nas áreas “onde já se perdeu o controle”. Além disso, garantiu que a segurança fronteiriça vai ser reforçada pelo Exército, além de retomar o controle das prisões com mecanismos de investigação e inteligência para prevenir o crime.
Diante da força da mudança, explicou, com medo de “um país em que as pessoas sigam em frente com um Estado que as apoia”, os contrários às mudanças, “recorrerem à campanha do medo, especialmente nas zonas rurais”. Tentam semear o terror no eleitorado, assinalou, “para fazer crer que o partido fomenta o aborto, ou que que somos contra a liberdade de culto, ou que queremos a extinção da propriedade privada e a implantação do comunismo”.
Bernardo de 64 anos, nasceu no exílio no Uruguai, é filho do presidente Juan José Arévalo (1945-1951), que iniciou um profundo processo de transformações que, aprofundado por Jacobo Árbenz (1951-1954), foi interrompido por um banho de sangue patrocinado pelos EUA.
Atualmente, devido à radicalização do processo eleitoral, inúmeras organizações nacionais e internacionais lançaram um alerta e instaram o governo a “respeitar a vontade dos guatemaltecos expressa nas urnas”.